Título: Crise econômica abala a imagem de Obama
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 10/08/2011, Economia, p. 25

Popularidade do presidente dos EUA recua e analistas veem risco para o projeto de reeleição

eichenberg@oglobo.com.br

WASHINGTON e NOVA YORK. O que aconteceu com Barack Obama? A interrogação sobre o presidente dos EUA tem reverberado pelo país, preocupado democratas, alentado republicanos e alimentado artigos de analistas políticos e mesmo de psicólogos. O eletrizante candidato alçado à Casa Branca em 2008, sob aclamação nacional e admiração mundial, tornou-se, pouco mais de dois anos depois, um chefe de nação com a liderança política contestada, popularidade em queda e sitiado pela ameaça de recessão econômica, por um desemprego de 9,1% e por uma ferrenha oposição, instigada pelo movimento ultraconservador Tea Party.

Após obter a muito custo a aprovação do Orçamento do governo para o ano fiscal 2011-2012 e evitar, no último minuto e num duro embate político, a primeira moratória da História dos EUA, Obama foi golpeado na sexta-feira com o inédito rebaixamento da nota de crédito soberano do país, de ¿AAA¿ para ¿AA+¿, pela agência Standard & Poor¿s. Sua tentativa de reinstaurar confiança nos americanos e acalmar o nervosismo dos mercados, por meio de um pronunciamento na Casa Branca, revelou-se um fracasso. As Bolsas despencaram após suas palavras, atacadas por adversários e contestadas até por integrantes de seu próprio partido.

Democratas criticaram o discurso que uniu a preocupação com a economia ao luto pela queda de um helicóptero com tropas americanas no Afeganistão. Além disso, exigiram do titular da Casa Branca ações mais enérgicas.

¿ O presidente deveria nos chamar de volta e reconhecer a importância de ter os eleitos da Câmara e do Senado a postos ¿ disse o deputado democrata Charlie Rangel.

Na oposição, a sugestão foi endossada pela pré-candidata republicana à eleição presidencial de 2012 Michele Bachmann, uma das líderes do Tea Party:

¿ Se eu fosse presidente, chamaria todos os membros do Congresso de volta para Washington, e diria: ¿Olhem, nós vamos recuperar esse rating de crédito `AAA¿¿.

Obama conversa com Berlusconi sobre crise

Para o analista político John Samples, do Instituto Cato, Obama vive uma ¿perigosa¿ tendência de queda nos índices de aprovação nas pesquisas de opinião.

¿ Ele caiu, de maio até hoje, de 52% para 43%, um dos mais baixos índices de sua presidência. Pelo histórico do passado, candidatos com índices abaixo de 45% dificilmente são eleitos.

¿O homem mais poderoso do mundo parece estranhamente impotente e sem determinação, enquanto forças maiores humilham o país e seu mandato presidencial¿, escreveu Dana Milbank, colunista do jornal ¿Washington Post¿.

Ontem, Obama conversou por telefone com o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, a quem expressou preocupação com os problemas europeus. Obama mostrou satisfação com as medidas adotadas pela Itália para reduzir sua vulnerabilidade diante da crise da dívida no continente.

(*) Com agências internacionais