Título: Alemanha cobra orçamento equilibrado da UE
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Fonte: O Globo, 10/08/2011, Economia, p. 25

Trichet pede ao governos da zona do euro que reduzam seu déficit e apliquem medidas acordadas em julho

VICE-CHANCELER ALEMÃO, Philipp Roesler, defende a criação de novo órgão europeu, que monitore os balanços fiscais e orçamentários

BERLIM, BRUXELAS e PARIS. A Alemanha exortou ontem todos os 17 países-membros da zona do euro a reformar suas constituições o mais rápido possível, para exigir um orçamento equilibrado, numa tentativa de evitar futuras crises de dívida soberana na região. Segundo o vice-chanceler e ministro de Finanças alemão, Philipp Roesler, a União Europeia (UE) também precisa criar uma nova instituição para monitorar o nível de competitividade dos países-membros, mantendo em ordem seus balanços fiscais e orçamentários.

Já o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, insistiu ontem na necessidade de que os Estados reduzam seu déficit e apliquem as medidas acordadas pelo Eurogrupo em 21 de julho. A mensagem de Trichet era dirigida aos governos dos 17 países do euro, mais especialmente ao italiano e ao espanhol, aos quais pediu que ¿façam seu trabalho com responsabilidade¿.

¿O que esperamos é que os governos façam o seu trabalho, à altura de suas responsabilidades¿, disse em entrevista concedida à emissora francesa Europe 1. ¿É a nossa mensagem central.¿

Roesler afirmou que a nova instituição, um conselho de estabilidade, deveria ter poder de agir caso os Estados-membros não consigam atingir determinada meta, garantindo ¿que sua competitividade possa ser alcançada de novo¿. Ele, porém, não disse que tipo de poder espera que o novo órgão tenha. A Alemanha proporá tais mudanças na próxima reunião de ministros de Economia e Finanças da UE.

`Medidas de curto prazo não serão suficientes¿

O vice-chanceler e ministro alemão afirmou que ¿medidas de curto prazo não serão suficientes¿ para reparar o problema central da região, que requer ¿um novo pacto de estabilidade da Europa¿.

¿ Precisamos dessa nova cultura da estabilidade no contexto da UE ¿ disse.

A UE está revendo o chamado Pacto de Estabilidade e Crescimento, que tinha o objetivo de garantir que todos os Estados-membros mantivessem sua dívida abaixo de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) e o déficit abaixo dos 3%. A meta é aumentar o controle sobre a economia dos países, com medidas como multas para os que não cumprirem as exigências.

O presidente do BCE, por sua parte, sustenta a tese de que a crise que os mercados atravessam ¿poderia ter sido a mais grave desde a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) se todos os responsáveis não tivessem tomado decisões importantes¿.

¿Pedimos que as decisões que foram adotadas em 21 de julho sejam aplicadas o quanto antes¿, afirmou Trichet, em referência à cúpula em que os países da zona do euro concordaram com um segundo resgate da Grécia e com a flexibilização do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef). Ele defendeu que se acelerem ¿as decisões tomadas naquele momento¿ assim como ¿a garantia para que o Feef tenha possibilidade de intervir nos mercados secundários de títulos da dívida soberana¿.