Título: Drama na Presidente Vargas
Autor: Antunes, Laura
Fonte: O Globo, 10/08/2011, Rio, p. 16

Bandidos com granadas mantêm 20 reféns em ônibus; tiroteio deixa 4 feridos

POLICIAIS SOCORREM uma das passageiras feridas dentro do ônibus. Baleada no tórax, a vítima foi levada em estado grave para o Hospital Souza Aguiar, onde foi operada

O FRESCÃO, que seguia para a Baixada Fluminense, é cercado por policiais. A ação durou cerca de uma hora e meia e tumultuou o trânsito da cidade

O DRAMA na Avenida Presidente Vargas: uma mulher é amparada do lado de fora do ônibus, enquanto uma ferida é socorrida

Laura Antunes, Renata Leite, Sérgio Ramalho e Vera Araújo granderio@oglobo.com.br

Um ônibus frescão que seguia da Praça Mauá para Duque de Caxias com pelo menos 20 passageiros foi sequestrado ontem à noite, em frente à Universidade Estácio de Sá, por três bandidos armados com granadas e pistolas ¿ um deles de gravata. Houve perseguição policial e intensa troca de tiros, até que cinco viaturas conseguiram interceptar o coletivo na Avenida Presidente Vargas, na altura da Praça Onze. Quatro pessoas foram baleadas no tiroteio ¿ duas passageiras, um policial e um homem que estava num carro que passava por perto. Com o ônibus sob o controle do bando, equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram para o local negociar a libertação dos passageiros. Às 21h35m, a Secretaria estadual de Segurança deu oficialmente por encerrada ação, que durou pouco mais de uma hora.

Uma das passageiras foi baleada no glúteo. Uma outra, ferida no tórax, foi levada para o centro cirúrgico do Hospital Souza Aguiar, em estado grave. Um policial, que fazia parte do grupo que conseguiu parar o ônibus, foi ferido no pescoço.

O assalto começou por volta das 20h20m. O jornalista Rafael Lima, que estava em outro ônibus e assistiu parte da ação, contou que, num primeiro momento, achou que se tratasse de um arrastão, cada vez mais comuns naquele trecho:

¿ Foram ouvidos vários disparos e todo mundo se jogou no chão. O próprio motorista e o trocador acharam que era um arrastão.

Bandido teria lançado granada

Uma passageira, que ontem à noite estava no Hospital Souza Aguiar acompanhando um dos feridos, contou que embarcou no ônibus na altura da Avenida Rio Branco. Os bandidos, segundo ela, já estavam dentro do veículo. Quase em frente à Estácio de Sá, no Sambódromo, o motorista resolveu descer, provavelmente desconfiado da movimentação, para pedir ajuda a policiais. Quando um policial fez menção de subir no ônibus e avisou para todos levantarem as mãos, um dos bandidos jogou uma granada, que não explodiu, e aproveitou para fugir com uma refém.

Na confusão, os outros dois bandidos determinaram que todos os passageiros fossem para o fundo do ônibus e fechassem as cortinas. Também mandaram um homem assumir a direção, mas ele só conseguiu dirigir por mais alguns metros.

¿ A PM veio atrás fazendo disparos. Acredito que tenham furado o pneu do ônibus, o que permitiu que houvesse o cerco policial ¿ disse a passageira, que não quis se identificar.

De acordo com outra testemunha, o bandido que fugiu com a refém teria conseguido tomar a arma de um dos policiais, antes de correr em direção à Central do Brasil. Os passageiros contaram que eles estavam bem vestidos. Alguns disseram acreditar que não teria havido o sequestro se o motorista não tivesse tentado evitar o roubo, chamando a polícia.

Toda a ação provocou um grande nó no trânsito no Centro. As duas pistas da Presidente Vargas em direção à Zona Norte ¿ a da direita, com três faixas, e a central com quatro ¿ foram interditadas entre a Central do Brasil e a Praça da Bandeira. O trânsito foi desviado numa operação de emergência da CET-Rio para o Túnel João Ricardo. O acesso à Praça da República também teve que ser interditado para evitar que mais carros entrassem na Presidente Vargas, aumentando o congestionamento. Além disso, os painéis informativos da CET-Rio, nas imediações do Centro, avisavam sobre a interdição e a operação policial.

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