Título: Analistas se dividem sobre efeitos para Dilma
Autor: Vasconcelos, Adriana; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 10/08/2011, O País, p. 9

Alguns especialistas acham que "faxinas" podem dificultar relação com Congresso, e outros acham que ajudam

SÃO PAULO. A prisão de integrantes do Ministério do Turismo, que é comandado por um ministro do PMDB, pode dificultar a gestão da presidente Dilma Rousseff no Congresso por causa do descontentamento de partidos aliados. A avaliação é de cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO ontem. Há divergência, porém, sobre como ficará a imagem da presidente após a ampla "faxina".

Para a cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Centro de Pesquisas e Análises de Comunicação (Cepac), a popularidade será afetada:

- Essa história de que ela está fazendo faxina não se sustenta porque a maioria dos escândalos não foi descoberta por órgãos institucionais e sim pela imprensa - afirmou.

Na avaliação de Figueiredo, a presidente não terá a mesma facilidade do seu antecessor, o ex-presidente Lula, para escapar imune de escândalos:

- A Dilma não é o Lula. Não tem o mesmo carisma. E também não pode se valer da sensação de bem estar provocada pela ascensão de parte da população para a classe média.

O diretor do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP, o professor de ciência política José Álvaro Moisés, acredita que a presidente enfrentará um "déficit de apoio".

- Os partidos não gostam de faxina, se sentem encostados na parede - analisou.

Mas, ao contrário de Figueiredo, Moises prevê que a presidente irá melhorar a sua imagem com os episódios.

- Acho que (as prisões e demissões) contribuem para um imagem positiva numa faixa importante da população, que é a mais escolarizada.

Moisés avalia que a forma como casos de corrupção estão sendo tratados no governo atual representa uma mudança em relação ao governo Lula.

O cientista político Fernando Abrucio, professor da Fundação Getulio Vargas, também aposta que a presidente pode se beneficiar dos escândalos.

- À primeira vista, tende a contribuir para uma imagem positiva - disse.

O cientista político Fernando Antônio Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos, acha que a imagem de Dilma pode melhorar se ela tratar todos os partidos envolvidos em denúncias da mesma forma, ou piorar se houver diferenciação por causa do tamanho da legenda.

- Dilma tenta passar uma imagem de austeridade. O grande teste dessa imagem acontecerá quando (ela tiver que) ferir interesses de parceiros importantes na aliança.