Título: Cresce aposta dos estrangeiros no Brasil
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 24/07/2011, Economia, p. 41

Eletrosul prevê exportar energia para o Uruguai

BRASÍLIA. O diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo Custódio, diz que, neste momento, todos os esforços da companhia estão concentrados no leilão que será realizado nos dias 17 e 18 de agosto.

- Estamos inscritos com 120 MW. Já estamos nos formatando para o mercado livre depois do leilão - afirmou o diretor, lembrando que, em breve, a empresa poderá exportar energia para o Uruguai a partir de acordo negociado entre os governos brasileiro e uruguaio.

Só em 2011 o Brasil está recebendo R$100 milhões em duas novas fábricas de equipamentos. Em outubro, a francesa Alstom inaugura a sua primeira fábrica no Brasil de aerogeradores. A planta ficará no polo de Camaçari, na Bahia. O investimento de R$50 milhões tem por objetivo marcar espaço num mercado que cresce a olhos vistos, enquanto o europeu, que ainda luta para vencer a crise econômica, parece ter arrefecido.

- É um mercado muito promissor e com alto potencial. Inicialmente, a fábrica está dimensionada para produzir 300 MW/ano. A ideia é atender ao Brasil, que ficará com dois terços do total, e alguns países da América Latina - afirmou ao GLOBO Marcos Costa, vice-presidente do setor Power na Alstom Brasil e América Latina.

Brasil deve receber R$25 bi para energia eólica

Há duas semanas, a espanhola Gamesa também inaugurou sua primeira fábrica no país, no polo de Camaçari. Um investimento de R$50 milhões com capacidade de 400 MW/ano, a unidade vai produzir equipamentos com 40% de conteúdo nacional, conforme negociado com o BNDES. A expectativa da empresa é ter um índice de nacionalização de 50% em 2012 e de 60% em 2013.

Até 2013, o país receberá nada menos que R$25 bilhões em novos recursos para a energia eólica. Este é o valor que já está contratado. Ou seja, ainda não considera os projetos do próximo leilão. Segundo Tolmasquim, o país parte de uma capacidade instalada de praticamente zero em 2003 para mais de 11 GW em 2020.

Ele explica que a revisão do potencial do país de 143 GW, como está no Atlas Eólico Brasileiro de 2001, para 300 GW se dará pelas novas tecnologias (as torres, que há até pouco tempo tinham 50 metros, agora têm 100 metros de altura), a qualidade das informações e do próprio vento brasileiro.

Outra vantagem do mercado brasileiro, segundo Tolmasquim, é o fato de a energia eólica aqui não ser subsidiada, diferentemente de alguns países europeus como Espanha e Portugal:

- O valor que está se formando é compatível com o mercado. Não é artificial como em outros países. Hoje, a energia eólica é mais cara que a hídrica, mas está no mesmo nível da térmica. (Vivian Oswald)