Título: Valdemar Costa Neto teria levado R$10,8 milhões
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 24/07/2011, O País, p. 9

Doleiro Lucio Funaro ainda não foi achado para ser ouvido

BRASÍLIA. Dessa movimentação depende o futuro das duas ações contra os envolvidos do PTB e do PMDB, também em curso na 9ª Vara. Elas estão suspensas até que o processo sobre os políticos petistas volte das instâncias superiores. No entendimento de Alaor Piacini, há conexão entre os casos. Os demais processos - sobre o PL, na 20ª Vara; e o PP, na 6ª Vara - ainda não superaram sua fase inicial, quando os juízes, após receber alegações preliminares dos acusados, decidem se aceitam ou não as ações contra eles, ou seja, se há elementos que justifiquem a continuidade das ações.

As propinas ao PTB e seus parlamentares, entre eles Roberto Jefferson, teriam ido a R$4 milhões. Já o deputado Valdemar Costa Neto (ex-PL, agora PR) teria levado pelo esquema R$10,8 milhões. Os ex-deputados petistas Paulo Rocha, João Magno e Professor Luizinho, além do ex-ministro Anderson Adauto, teriam recebido R$2,2 milhões. Nas alegações finais apresentadas recentemente ao Supremo, a Procuradoria Geral da República sustenta ainda que R$73 milhões foram desviados do Banco do Brasil, pelo fundo Visanet.

Por trás da morosidade das ações, estão a lentidão dos trâmites processuais e manobras que dificultam o andamento. Oficiais de Justiça têm se desdobrado, sem sucesso, para achar o doleiro Lucio Bolonha Funaro, acusado, na ação contra nomes do PL, de "dissimular a origem" do dinheiro empregado no mensalão. Ele é o único envolvido ainda não ouvido.

Em relatório, a agente responsável por notificá-lo diz que o procurou em endereço em São Paulo em 11 de maio do ano passado, mas seu pai avisou que ele não morava ali. Na ocasião, a funcionária do escritório de advocacia que representa Funaro informou que ele estava viajando e marcou data para o cumprimento da diligência. No dia acertado, telefonou para avisar que o cliente viajara. Depois, segundo o relato, a intermediária passou a ser "evasiva" nas tratativas.

Em abril de 2010, Funaro esteve bem perto da 20ª Vara, ao depor sobre irregularidades na Cooperativa dos Bancários de São Paulo no Senado. Em 21 de fevereiro deste ano, ao procurá-lo na Granja Olga, em Sorocaba (SP), o oficial de Justiça achou um homem que se identificou como Lucio Funaro, mas disse não ser a pessoa certa. Recentemente, o MPF encaminhou documento à 20ª Vara com mais 13 endereços para localização do doleiro.

O juiz Marlon Reis, do Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, diz que o rito das ações de improbidade poderia ser simplificado, por exemplo, ouvindo-se os acusados uma única vez, em vez de antes e depois da aceitação da ação. Soma-se a isso a sobrecarga nas repartições judiciais:

- Os juízes respondem por sua produtividade com números. Com isso, saem primeiro as demandas de mais fácil resolução, em detrimento das complexas, como as de improbidade.