Título: Gabrielli: gasolina sobe quando petróleo se estabilizar
Autor: Ordoñez, Ramona; Beck, Marta
Fonte: O Globo, 27/07/2011, Economia, p. 28

Ministério da Fazenda admite nos bastidores que governo terá que reajustar combustíveis em breve

RIO e BRASÍLIA. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que assim que os preços do petróleo, em escalada no mercado internacional, se estabilizarem em um determinado patamar, será necessário reajustar os preços da gasolina e do óleo diesel no Brasil. A última alteração nos preços desses dois combustíveis foi de uma redução de 4,5% para a gasolina e 15% para o diesel, em maio de 2009.

- Se os preços internacionais ficarem relativamente estáveis, vamos precisar alterar os preços domésticos. Mas eu não disse que será agora, amanhã, daqui a dois anos ou daqui a dois meses. Eu digo que, da mesma maneira que desde 2003 nós viemos acompanhando o preço internacional no longo prazo, pretendemos continuar acompanhando no longo prazo - destacou.

O Ministério da Fazenda já admite nos bastidores que o governo terá que reajustar a gasolina e o diesel em breve. Isso porque, além de estar arcando com uma defasagem entre os preços do petróleo nos mercados internacional e doméstico, a Petrobras está tendo custos com a importação de gasolina para suprir o forte aumento da demanda no país.

Para evitar pressão sobre inflação, Cide deve cair

Diante desse cenário, os técnicos do governo se preparam para mexer na Cide (tributo que incide sobre combustíveis) e evitar que eventuais aumentos de preços pressionem ainda mais a inflação.

O aumento do consumo de gasolina no país também está obrigando a equipe econômica a reavaliar seu plano de reduzir a mistura do etanol na gasolina, que hoje está em 25%. Segundo os técnicos, diante do aumento dos preços do etanol no mercado brasileiro (que ficou quase 50% mais caro nos últimos meses), o plano inicial de baixar a mistura para 18%, e assim reduzir a demanda pelo derivado da cana-de-açúcar, ficou suspenso temporariamente.

Segundo o consultor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires, a defasagem nos preços da gasolina hoje está em 19%, enquanto no diesel ela chega a 8%. Ele afirma que, além desse impacto, a Petrobras está importando gasolina para suprir o mercado brasileiro a um custo de R$1,35 - o produto é vendido nas refinarias a R$1,05.

Segundo Pires, a atual defasagem nos preços indica que o governo precisaria fazer um reajuste de 10% a 13% na gasolina nas refinarias, o que teria um impacto de cerca de 8% nas bombas, se o governo não fizer ajustes na Cide. Mas o tributo é regulatório e sempre é usado pelo governo para compensar alterações nos preços de combustíveis.

Por sua vez, Gabrielli disse que, se for necessário, a Petrobras poderá voltar a fazer novas importações de gasolina para atender o crescimento do consumo no país. As refinarias, segundo o executivo, estão operando no limite de sua capacidade de produção de gasolina. A Petrobras planeja ainda construir uma unidade de produção de gasolina no Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).