Título: Emergentes atraem mais recursos que ricos
Autor: Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 27/07/2011, Economia, p. 23

SÃO PAULO. O fluxo de investimento estrangeiro direto para as economias em desenvolvimento em 2010 superou, pela primeira vez na História, aquele para as desenvolvidas, segundo o Relatório Mundial de Investimento, divulgado ontem pela Unctad. Os países em desenvolvimento receberam 51,3% dos investimentos mundiais no ano passado, e os ricos, 48,4%.

No ranking dos 20 maiores destinos de investimento estrangeiro direto de 2010, metade eram países em desenvolvimento. Na lista de 2009, eram apenas oito - sendo que duas delas, Ilhas Cayman e Ilhas Virgens Britânicas, são consideradas paraísos fiscais.

A maior fatia dos investimentos estrangeiros foi para a Ásia, com 28,9% do US$1,2 trilhão investido globalmente em 2010, ante 27,2% em 2009. A América Latina ficou em segundo lugar entre as regiões em desenvolvimento, com 12,8% (10,5% em 2009), puxada principalmente pelo Brasil.

Em termos absolutos, os EUA tiveram o maior crescimento: US$75,4 bilhões a mais que em 2009. Depois vêm Bélgica, com US$38,1 bilhões, Cingapura (US$23,4 bilhões) e Brasil (US$22,5 bilhões). A China ainda é um destino importante entre os emergentes, mas começa a ter desaceleração, diz Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet:

- Isso ocorre por causa do crescimento do custo de produção e dos salários na China.

Já a a participação dos países europeus caiu de 34% em 2009 para 25,2% no ano passado. Os investimentos passaram de US$387,7 bilhões para US$313 bilhões, queda de 19,3%.

O relatório ainda calculou o volume das operações non equity, que incluem pagamento de licenciamentos, contratos de manufatura, franquias e serviços terceirizados. Em 2010, esse mercado faturou US$2 trilhões e empregou entre 14 milhões e 16 milhões de pessoas.

- Nesse segmento, o Brasil não figura entre os maiores. O país tem oportunidades em franquias, modalidade que não exige tanto capital para se internacionalizar - diz Frederico Araújo Turolla, economista brasileiro que participou do relatório da Unctad.