Título: Governo vai conceder bolsa de estudo por mérito
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 27/07/2011, O País, p. 11

Programa deve beneficiar 75 mil estudantes com cursos no exterior; pontuação no Enem é critério para seleção

BRASÍLIA. O governo lançou ontem, oficialmente, o programa Ciência sem Fronteira, que pretende garantir bolsa de estudo no exterior para 75 mil estudantes. Além disso, a presidente Dilma Rousseff espera que a iniciativa privada se engaje na ação e forneça mais 25 mil, totalizando cem mil bolsas. No total, o governo planeja investir R$3,1 bilhões no projeto - 35 mil benefícios sairão pelo CNPq, que aplicará R$1,4 bilhão, e outros 40 mil pela Capes, que disponibilizará R$1,7 bilhão.

A apresentação do Ciência sem Fronteira ocorreu durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Palácio do Planalto. Há dois meses, a própria Dilma já havia anunciado sua intenção de fomentar a concessão de mais bolsas de estudo.

Apesar de ser voltado prioritariamente para pós-graduação, 27.100 vagas serão reservadas para alunos da graduação. Os escolhidos farão estágio de um ano, sendo seis a nove meses em centros acadêmicos e o restante em instituições de pesquisa ou empresas. Para participar, o aluno deve ter concluído, no mínimo, 40% dos créditos e, no máximo, 80% dos créditos, além de possuir uma pontuação acima de 600 no Enem.

"Não há demérito em ter uma política de mérito"

A presidente disse que o projeto quer atender alunos e pesquisadores de todas as regiões do país e defendeu a escolha dos bolsistas pelo mérito.

- A questão do mérito é essencial, sem a qual nós não temos como implementar o projeto. Não há nenhum demérito em ter uma política de mérito.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que se derreteu em mesuras a Dilma, ao dizer que a autoria intelectual do programa foi dela, mostrou que o Brasil ocupa a 13ª posição entre os países com maior produção científica, atrás, inclusive, da Índia e da Coreia do Sul. Na questão de inovação, o país está em 47º lugar.

- As empresas investem muito pouco em pesquisa no Brasil. Se não revertermos essa situação, o governo não conseguirá dar conta - disse o ministro.