Título: França pretende reduzir déficit no orçamento em 10 bilhões em 2012
Autor:
Fonte: O Globo, 15/08/2011, Economia, p. 20

Segundo jornal, governo estuda criar imposto para os muito ricos

LUCA DI MONTEZEMOLO, da Ferrari: novo imposto italiano é um escândalo

PARIS, ROMA e SYDNEY. O governo francês pretende reduzir seu déficit orçamentário em cerca de 10 bilhões em 2012, mas sem cortes drásticos nos gastos públicos ou um aumento geral de impostos, afirmou ontem o jornal ¿Le Journal du Dimanche¿. A França tem um endividamento público de 1,64 trilhão, equivalente a 85% de seu Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos). Seu déficit orçamentário ficou em 7,1% do PIB ano passado, muito acima do teto de 3% determinado pela União Europeia (UE).

As propostas do governo serão anunciadas no próximo dia 24 ¿ cerca de um mês antes do anúncio do orçamento para 2012. Segundo o jornal, o grosso da receita viria da redução das isenções de taxas sobre habitação e território franceses no exterior. Também poderia ser criado um imposto adicional para os muito ricos.

Empresários e economistas criticam pacote da Itália

Semana passada, as atenções do mercado se voltaram para a França, em meio a boatos de que, assim como os Estados Unidos, o país poderia perder sua classificação ¿AAA¿. Mas o pacote francês está bem abaixo do divulgado na sexta-feira pela Itália, de 45 bilhões.

Este foi alvo de críticas no fim de semana, com a federação sindical CGIL ameaçando convocar uma greve geral contra as medidas de austeridade. O decreto de emergência com o pacote foi assinado sábado pelo presidente italiano, Giorgio Napolitano.

O economista-chefe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Pier Carlo Padoan, disse ao jornal ¿La Stampa¿ que o pacote é positivo, mas faltam medidas para estimular o crescimento e combater a evasão fiscal. Segundo a organização patronal Confindustria, esta chega a 120 bilhões.

A líder da CGIL, Susanna Camusso, disse ao ¿La Repubblica¿ que o pacote ¿só atinge quem já paga seus impostos¿. Ela disse ainda que a convocação para uma greve geral será discutida no próximo dia 23.

O pacote prevê um ¿imposto de solidariedade¿ para quem ganha mais de 90 mil anuais (cerca de R$17 mil por mês), durante três anos. O presidente da Ferrari, Luca Cordero di Montezemolo, classificou o imposto de ¿um escândalo¿. ¿Uma coisa é pedir uma contribuição de solidariedade para mim ou para (o premier e magnata da mídia Silvio) Berlusconi, mas outra é atingir um executivo que sustenta uma família¿, disse ele ao jornal ¿Corriere della Sera¿.

Para Zoellick, mundo está em nova zona de perigo

Para o presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, a quebra da confiança dos mercados na liderança econômica de EUA e Europa e a frágil recuperação da economia global levaram o mundo a uma nova zona de perigo. Ele disse ainda que os problemas da dívida na zona do euro têm sido tratados ¿com um dia de atraso¿:

¿ A preocupação se acumulou, e estamos passando do drama para o trauma em vários países da zona do euro.

Zoellick também apontou a recuperação mais rápida dos países em desenvolvimento:

¿ A diferença para o mundo do passado é que agora os mercados emergentes são fontes de crescimento e oportunidade ¿ afirmou.