Título: Obama: impasse sobre dívida teve impacto desnecessário na economia
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Fonte: O Globo, 04/08/2011, Economia, p. 22

CRISE DA DÍVIDA: Jornais especulam saída do Secretário do Tesouro

Casa Branca admite desaceleração, mas nega volta da recessão

WASHINGTON. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem que o impasse sobre o teto de endividamento do governo federal e o déficit fiscal do país teve um impacto negativo sobre a economia. O presidente assinou na terça-feria a lei que eleva o limite de endividamento e corta gastos do governo, fruto de um acordo costurado em cima da hora, para evitar que o país entrasse em moratória.

- Infelizmente, a crise do limite da dívida no último mês, creio, teve um impacto negativo desnecessário na economia - disse Obama a jornalistas na Casa Branca.

O presidente voltou a mencionar que o impasse estava nas mãos de republicanos e democratas para ser resolvido, ao contrário de outros eventos que afetaram a recuperação da economia:

- A economia continua debilitada, em parte devido a algumas coisas que não podemos controlar, como o terremoto no Japão e a situação na Europa, assim a primavera árabe e seus efeitos sobre os preços do petróleo - disse Obama.

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O presidente também conclamou os parlamentares a encerrarem a paralisação parcial da Agência Federal de Aviação (FAA, da sigla em inglês), também provocada por divergências entre republicanos e democratas. Segundo Obama, a paralisação representa perdas de US$1 bilhão em não recolhimento de receitas.

Já o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, negou que a economia do país possa cair novamente em recessão, conforme temem alguns economistas:

- Não cremos que haja uma ameaça de nova recessão.

Carney, porém, admitiu que o crescimento da economia e a criação de empregos diminuíram nos últimos semestre.

A recessão americana, que começou em dezembro de 2007, acabou oficialmente em meados de 2009. Desde então a economia do país vem crescendo. No entanto, essa expansão perdeu fôlego nos últimos meses.

O porta-voz também culpou o terremoto no Japão, o aumento dos preços de combustíveis, os temores de calote de países da zona do euro e a recente crise do teto de endividamento da dívida federal:

- Achamos que a economia continuará crescendo.

De acordo com o blog The Oval, do jornal "USA Today", especula-se em Washington que o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, pode deixar o governo agora que foi fechado o acordo para elevar o teto da dívida. O desejo de Geithner de voltar para Nova York foi revelado em junho pela Bloomberg News. Geithner, que chefiou o Federal Reserve de Nova York, disse recentemente em entrevista ao programa Good Morning America, da ABC, que não havia tomado qualquer decisão sobre sua saída do governo.

É notório que ele se sente frustrado pela politicagem de Washington e as táticas dos republicanos. Em um artigo publicado ontem no jornal "Washington Post", Geithner se referiu ao acordo de redução do déficit e elevação do teto de endividamento como "um terrível processo, com um bom resultado". E acrescentou: "O acordo afasta a ameaça de uma moratória e reduz os prospectos de utilização do teto da dívida como arma de coerção. Não deveria ser possível que uma pequena minoria ameace com uma catástrofe se o resto do governo não acate uma agenda extrema de austeridade e desmonte programas para os idosos e menos afortunados."