Título: Mais cinco ministros vão à Câmara se explicar
Autor: Braga, Isabel; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 04/08/2011, O País, p. 5

Presidente da ANP também vai falar na Casa. Só audiência com responsáveis por órgãos de controle não foi aprovada

BRASÍLIA. Dentro da nova estratégia governista de levar ministros para falar no Congresso sobre denúncias em suas pastas, foram aprovados ontem, em acordo entre deputados da base aliada e da oposição, convites para que cinco ministros e o presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima, compareçam à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Como aconteceu ontem com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que teve apoio da tropa de choque governista, os demais ministros também devem comparecer apoiados por aliados.

Pelo acordo, os requerimentos de convocação viraram convites. Foram convidados os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Paulo Sérgio Passos (Transportes), Mário Negromonte (Cidades), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente). As datas estão sendo acertadas. Negromonte irá dia 10.

- O governo mudou a estratégia e, para nós, é bom. Tentaram a blindagem com Palocci e deu no que deu. Tentam agora nova estratégia, mas o tiro pode sair pela culatra. Queremos saber de quem é a responsabilidade pelos atos de corrupção de cada ministério. Vamos perguntar olho no olho com os ministros - disse Vanderlei Macris (PSDB-SP), autor dos requerimentos.

Só o requerimento que previa uma audiência com os responsáveis por órgãos de controle, entre eles Jorge Hage, da Controladoria Geral da União, foi derrotado. Segundo Macris, houve acordo no caso da convocação do ministro de Minas e Energia, Edson Lobão: primeiro será ouvido o presidente da ANP e depois, se preciso, Lobão.

Passos (PR) deverá explicar as demissões em sua pasta, após a divulgação de denúncias de corrupção nos Transportes. A oposição vai querer questioná-lo sobre os aditivos a contratos aprovados na sua gestão como ministro, em 2010, como frisou o ex-ministro Alfredo Nascimento em seu discurso no Senado.

De venda irregular de terras a achaques a empresários

Paulo Bernardo (PT) terá que falar sobre suspeitas lançadas por dirigentes do Dnit de que ele teria envolvimento em negociações de contratos para obras rodoviárias e ferroviárias no Paraná, ano passado, quando era ministro do Planejamento.

Negromonte (PP) deverá esclarecer denúncias de favorecimento a empresas doadoras de campanha, publicadas pela revista "Isto É". Izabella e Florence tratarão de denúncias feitas no "Fantástico" sobre ocupação ilegal de terras em Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e de venda irregular de terras do Incra destinadas à reforma agrária. Já o presidente da ANP terá de explicar relatos de empresários, que teriam sido vítimas de achaques por supostos assessores da agência, denúncia publicada pela revista "Época".