Título: Comissão vira palco para Rossi rebater denúncias de fraudes e acusar Jucazinho
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 04/08/2011, O País, p. 3

Para ministro, na Conab "não há irregularidade nenhuma, há imperfeições"

BRASÍLIA. Escoltado por uma tropa de choque comandada pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, cumpriu ontem na Comissão de Agricultura da Câmara a estratégia governista de partir para o ataque e tentar encerrar mais uma crise no Ministério da presidente Dilma Rousseff: protegido e com o palanque armado para se defender, Rossi rebateu as denúncias de corrupção feitas por Oscar Jucá Neto, o Jucazinho, e afirmou que o ex-diretor financeiro da Conab foi quem cometeu irregularidades.

A avaliação foi que o ministro saiu-se bem, mas os próprios governistas admitiam que era "por enquanto". A tática de Rossi foi transformar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), em alvo de todas as acusações. Em cinco horas de audiência, ele disse que há "imperfeições e não irregularidades" na Conab e mesmo no seu ministério, mas que os erros estão sendo corrigidos.

Rossi voltou a afirmar que Jucazinho quis transformar o ato de sua demissão, por ter cometido ato irregular, num "caso político". O irmão do senador Jucá deixou a Conab por ter usado verba carimbada - destinada apenas à compra de estoque regulador de alimentos - para pagamento a uma empresa suspeita de ser de fachada.

- A Conab passou por grandes escândalos no passado, mas foram apurados. Não há perfeição na Conab, mas há um nível avançado e crescente de eficiência. Não há irregularidade nenhuma, há imperfeições - disse Rossi. - Todas as afirmações dele (Jucá Neto) são aleivosias e são mentirosas.

Rossi foi questionado sobre eventuais irregularidades na política de estoque de alimentos e ainda na perda de prazos judiciais pela Conab. A todos, respondia que estava agindo:

- Toda vez que aparecer situação duvidosa, vamos agir. Toda e qualquer ação na Conab se dá por leilão público, que não é capaz de ser antídoto de problemas. Mas é muito difícil alguém fraudar um leilão público.

Integrada praticamente por deputados da bancada ruralista, a Comissão de Agricultura virou palco para Rossi, que foi aplaudido duas vezes.

Rossi nega venda de terreno a preço baixo para amigo de Argello

No caso do pagamento feito à empresa Renascença, o ministro explicou que Jucá Neto entrou no sistema da Conab e lançou mão da verba, cometendo ilegalidade "gravíssima".

Ao rebater as acusações de Jucá Neto de que a Conab vendeu um terreno abaixo do preço de mercado para um amigo do líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), o ministro disse que a avaliação do preço mínimo foi feita pela Caixa Econômica Federal e que a venda foi pública.

Rossi, que não processará Jucazinho em consideração à família Jucá, também negou denúncia de que a Conab iria aumentar de R$14,9 milhões para R$20 milhões pagamento devido a Caramuru Alimentos, num esquema para beneficiar PMDB e PTB.