Título: 174: até hoje nada de indenização
Autor: Costa, Ana Cláudia; Bottari, Elenilce
Fonte: O Globo, 12/08/2011, Rio, p. 14

PM que atirou em bandido em 2000 foi inocentado

A PROFESSORA Geisa é socorrida após ser baleada em 2000

As falhas da polícia e o indiciamento de dois PMs que participaram do cerco ao frescão 104-C, atacado por quatro bandidos na noite de terça-feira, remetem o caso, mais uma vez, ao sequestro do ônibus 174, linha Gávea-Central, em junho de 2000. Na ocasião, a professora Geisa Firmo Gonçalves, de 20 anos, morreu a tiros disparados pelo assaltante, após um disparo feito por um policial do Bope. A família dela ganhou na Justiça em 2003 uma indenização de R$50 mil, além de uma pensão vitalícia de três salários mínimos. Mas o advogado dos familiares, Delano Cruz, diz que a família até hoje não recebeu nada:

¿ Infelizmente, o Estado é o principal cerceador do direito do cidadão.

Na ocasião, seis PMs foram indiciados ¿ cinco por matar o assaltante Sandro do Nascimento por asfixia, dentro de um camburão, e um por balear de raspão a refém Geisa, na tentativa de acertar o bandido. Todos foram inocentados e voltaram a trabalhar.

Na época presidente do inquérito que apurou o episódio do 174, a delegada Martha Rocha, hoje chefe da Polícia Civil, concluiu que Sandro foi assassinado a sangue-frio pelo capitão Ricardo de Souza Soares e pelos soldados Flávio do Val Dias, Márcio Araújo David, Paulo Roberto Alves Monteiro e Luiz Antônio de Lima. Já o soldado Marcelo Oliveira, que baleou Geisa, foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio culposo, juntamente com o então comandante do Bope, tenente-coronel José Penteado ¿ hoje reformado. Mas a Justiça não aceitou a denúncia contra nenhum dos dois.