Título: Dois PMs são indiciados por lesão corporal
Autor: Costa, Ana Cláudia; Bottari, Elenilce
Fonte: O Globo, 12/08/2011, Rio, p. 14

Militares admitem que fizeram 15 disparos contra o ônibus com reféns

PERITOS DO Instituto de Criminalística Carlos Éboli da Polícia Civil examinam perfurações a bala no ônibus sequestrado terça-feira no Centro

O CASAL rendido por um bandido em fuga depõe 6ªDP (Cidade Nova)

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Um cabo e um soldado do 5º BPM (Praça da Harmonia) foram indiciados por crime de lesão corporal culposa devido aos ferimentos sofridos pelas vítimas do ônibus da Viação Jurema, sequestrado na noite de terça-feira na Avenida Presidente Vargas. No entanto, os indiciados vão continuar trabalhando nas ruas, segundo o comando da corporação. A delegada-assistente da 6ª DP (Cidade Nova), Sânia Burlandi, informou que os dois admitiram em depoimento ter feito 15 disparos em direção ao ônibus. Com base em informações de um laudo preliminar do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), a delegada descartou também que o tiro que atingiu a passageira Liza Mônica Pereira ¿ internada em estado grave ¿ tenha sido disparado dentro do ônibus.

¿ Todos os tiros vieram de fora do ônibus. Além disso, os dois PMs assumiram que foram eles que efetuaram os disparos. Eles já estão respondendo por lesão corporal culposa. Já estão indiciados e, caso alguma vítima venha a morrer, serão indiciados por homicídio culposo (sem intenção de matar) ¿ disse a delegada.

Mais de um calibre entre as 14 perfurações no ônibus

As duas pistolas do cabo Henrique dos Santos e do soldado Glauber Medeiros Poubel foram encaminhadas para exame de balística. A delegada aguarda a conclusão da perícia técnica para decidir se vai apreender mais alguma arma para exame de balística. Em entrevista ao ¿RJ-TV¿ da Rede Globo, o perito aposentado Mauro Ricart disse que, ao analisar as imagens, pôde ouvir pelo menos 21 tiros disparados durante a abordagem ao ônibus. No exame preliminar ¿ o laudo de balística deverá ser concluído hoje ¿, foi verificado mais de um calibre entre as 14 perfurações no ônibus. Um disparo teria perfurado até as poltronas.

Ao falar ontem sobre a operação policial, o governador Sérgio Cabral afirmou que confia em sua força policial:

¿ Se a gente comparar o caso com o ônibus 174, há enormes diferenças. Temos uma outra orientação. Se houve erro, será apurado e aqueles que são responsáveis serão punidos. Felizmente não houve mortos e espero que a senhora que está internada melhore. Estou acompanhando de perto o estado de saúde dela.

Cabral: comando da PM não vai tolerar erros

O governador disse ainda que o comando da PM e da Secretaria estadual de Segurança não irão ¿passar a mão na cabeça do erro¿:

¿ O que há é um comando forte, determinado a fazer o melhor e não corroborar com procedimentos equivocados. Eu não comando a operação, eu delego às áreas de segurança. É importante dizer que não julgo, mas apoio as decisões da Secretaria de Segurança.

Ontem, após receber informações do Disque-Denúncia, policiais fizeram operações para tentar prender Clerivan da Silva Mesquita, acusado de pertencer à quadrilha. A polícia aguarda também as imagens da CET-Rio e do Metrô para se certificar se há um quinto assaltante no grupo.

No fim da manhã de ontem o casal que viajava no Zafira e que teria sido rendido por Clerivan da Silva Mesquita no momento em que o bandido conseguiu escapar do cerco prestou depoimento na 6ª DP (Cidade Nova). A mulher reconheceu Clerivan por fotos e contou que por diversas vezes o bandido ameaçou seu marido com uma arma na cabeça.