Título: Pesadelo que se repete um mês depois
Autor: Galdo, Rafael
Fonte: O Globo, 12/08/2011, Rio, p. 13

Há um mês, outro assalto a ônibus no Centro lembrou o episódio desta terça-feira. Ferido por um tiro na cabeça, o rodoviário Manoel Francisco Nunes, de 51 anos, está internado em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Souza Aguiar, no Centro, desde 12 de julho. Ele foi atingido quando estava num ônibus da linha 268 (Castelo-Riocentro), da Viação Redentor, invadido por bandidos armados. O disparo foi feito no mesmo ponto da Avenida Presidente Vargas, em que ocorreu o desfecho do sequestro do ônibus da Viação Jurema.

Esta semana, a família de Manoel, de Barra Mansa, no Vale do Paraíba, dividia com parentes das vítimas do caso recente a mesma fila de visitas no Souza Aguiar. Mulher do rodoviário, Rosely da Silva Nunes cobrou melhor preparo da polícia e mais segurança em vias de grande movimento.

¿ É uma vergonha. Nos dois casos, o pânico aconteceu em frente à prefeitura do Rio, e os passageiros ficaram no meio dos tiros. Quantos vão precisar morrer ou ficar gravemente feridos para essa insegurança acabar? ¿ questionou Rosely.

Segundo ela, o marido trabalha há 17 anos como rodoviário, mas no dia do assalto era mais um passageiro. Desde então, Manoel passou por uma cirurgia e, apesar de estar consciente, continua em estado grave.

¿ Todas as semanas reunimos um grupo da família para visitá-lo. Mais de 40 pessoas vieram de Barra Mansa para doar sangue para ele. É tudo muito parecido com o que voltou a acontecer esta semana ¿ lamentou Rosely.

No caso de Manoel, com base em imagens da câmera de segurança do ônibus, a polícia concluiu que o tiro que o atingiu tinha sido disparado por um dos bandidos. O assalto começou por volta das 20h, na Avenida Brasil, perto de Benfica. A dupla anunciou o assalto quando o ônibus passava por São Cristóvão. Quando o veículo estava perto da Rodoviária Novo Rio, a movimentação no ônibus chamou a atenção de uma patrulha da PM. Os policiais fecharam o ônibus na Presidente Vargas. Houve tiroteio.

Assim como na terça-feira, naquele dia um passageiro também se jogou pela janela do ônibus para escapar dos tiros. E, na época, também foram cinco os feridos, dois deles assaltantes.