Título: A hora é da resposta de Obama
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Fonte: O Globo, 12/08/2011, Opinião, p. 6

Obarco do presidente Barack Obama enfrenta ferozes tempestades no rumo da reeleição em 2012. O primeiro golpe foi a derrota do Partido Democrata nas eleições parlamentares de meio de mandato, ano passado, quando perdeu a ampla maioria na Câmara dos Representantes.

No fundo do poço depois de dois desastrosos mandatos de Bush, os republicanos se sentiram fortalecidos e, esporeados pelos radicais de direita do Tea Party, começaram a emparedar o presidente com sua agenda polarizadora ¿ e paralisante ¿ da política nacional.

Os imensos investimentos públicos feitos pela Casa Branca para evitar o derretimento da economia na crise de 2008 passaram a ser, na ótica republicana, a razão de todos os problemas do endividamento americano, forjado nos anos Bush (embora estes mesmo gastos tenham começado em Bush, que, por sinal, agiu com acerto).

Curvando-se ao Tea Party, o Partido Republicano levou Obama às cordas, ao bloquear até o último momento o acordo orçamentário para elevar o endividamento federal e manter o governo em funcionamento. As concessões feitas pelo presidente para evitar um temível default desgostaram amplos setores de seu próprio partido. Obama saiu enfraquecido, e a irresponsabilidade dos políticos em Washington ajudou a levar a agência Standard & Poor¿s, pela primeira vez na história, a rebaixar de AAA (nível máximo) para AA+ o grau de risco dos títulos americanos. Desde a derrota, em novembro do ano passado, o presidente tem estado na defensiva. Até agora, evitou o pior, mas isto é pouco para quem ambiciona se reeleger.

O que o mundo espera de Obama é que ele saia das cordas e retome a iniciativa, a partir de planos ousados para que a economia volte a funcionar e crie empregos, para que a ênfase em energia limpa e renovável seja relançada, para levar adiante sua agenda renovadora na área da educação, e assim por diante. Ele deve se livrar do aprisionamento que os republicanos lhe impuseram, e começar a dizer aos eleitores o que pretende fazer no segundo mandato. Precisa de uma visão estratégica de longo alcance que mobilize o centro do espectro político, democrata e republicano, e baixe a bola dos radicais do Tea Party e daqueles parlamentares, nos dois partidos, que preferem a catástrofe ao entendimento. Deve olhar além da politicagem de Washington e comunicar aos eleitores ideias e planos para melhorar a economia e o país.

É claro que os republicanos estarão atentos para bombardeá-lo no dia a dia, principalmente porque a economia americana não respondeu como se pensava aos estímulos, enquanto a Europa se equilibra à beira do abismo da insolvência bancária.

O trunfo do presidente é seu poder de persuasão. Mas, para exercitá-lo de forma produtiva, ele necessita de um programa de revitalização do país, e inspirar-se nos melhores momentos do desempenho de Franklin Roosevelt da dramática década de 30. Obama precisa se convencer disso e energizar o Salão Oval.