Título: Dor crônica e prolongada
Autor:
Fonte: O Globo, 11/08/2011, Economia, p. 30

Crise atual é diferente da de 2008 pela falta de `remédios'

A atual crise econômica será menos aguda, porém mais lenta que a de 2008. Mas o pior, na opinião dos economistas, é que agora não há gordura para queimar, ou seja, os instrumentos para combater a turbulência e uma eventual queda de atividade é muito menor.

¿ Agora estamos sem margem de manobra. Os países desenvolvidos não tem espaço para desoneração ou aumento de gastos para aquecer a economia, pois a crise é de endividamento. E seus juros já estão no piso ¿ disse José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Júlio Gomes, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) concorda:

¿ Não há na maior parte dos países como baixar os juros, elevar os gastos ou cortar impostos. Em 2008, o Brasil usou mais o crédito e incentivos fiscais como remédio. Agora acho que é a vez de usar mais os juros.

Daniel Motta, professor do Insper, afirma que é difícil até mesmo dizer que são duas crises diferentes. Ele classifica o atual momento como um ¿subproduto¿ da crise de 2008:

¿ Nos países desenvolvidos não houve a bonança entre as crises. E, novamente, teremos como válvula de escape o mercado interno.

Sílvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, lembra que as situações são distintas. Em 2008 houve um risco sistêmico, iniciado no sistema bancário que contaminou o mundo pela falta de liquidez, pelo temor de quem tinha ¿ativos tóxicos¿. Agora a situação é de endividamento e, embora a situação dos EUA não seja muito boa, quem preocupa é a Europa. (Henrique Gomes Batista)