Título: Calote deixaria economia ainda mais frágil
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 26/07/2011, Economia, p. 23
Os economistas acreditam que o acordo sobre a elevação do teto da dívida americana virá, mas se ele não for possível e o calote for inevitável, esses especialistas não têm dúvidas de que seria um caos para a já fragilizada economia mundial.
O professor Alcides Vaz, da UnB, acredita que o mundo viveria uma situação como a crise mundial de 2008, causada pelos problemas de crédito no mercado imobiliário americano:
- Seria talvez a reedição da crise financeira de 2008, embora com outros motivos - afirmou o professor.
Ele crê que um problema agora na maior economia do mundo intensificaria as dificuldades vividas pelas nações europeias e atrapalharia a tímida tentativa de recuperação do Japão.
Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central, acredita que um eventual calote americano seria devastador: os juros americanos subiriam, o dólar poderia perder ainda mais valor em relação a outras moedas, os preços de produtos básicos (como petróleo) subiriam, a inflação chegaria aos países emergentes, o sistema financeiro ficaria trancado, sem crédito e a recessão voltaria com força ao mundo.
- Isso afeta todo o mundo, até China e Brasil, que passaram relativamente bem a crise de 2008, seriam afetados, por serem grandes credores dos Estados Unidos e estes papéis perderiam valor - disse.
O economista Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), acredita que um calote de poucos dias traria poucas consequências, como aumento da volatilidade e o eventual atraso no pagamento de funcionários, servidores ou aposentados americanos. Mas uma falta de acordo por longo prazo seria uma crise gigantesca, com bancos quebrando e perdas generalizadas. (Henrique Gomes Batista)