Título: 'Não estou vendo a crise que dizem existir'
Autor: Lima, Maria, Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 19/08/2011, O País, p. 3

Lula diz que saída de ministros deve ser encarada com naturalidade

BELO HORIZONTE e SÃO PAULO. O ex-presidente Lula disse ontem em Belo Horizonte que a troca de ministros no governo Dilma deve ser encarada com naturalidade, negou haver crise e falou da necessidade de investigar denúncias para saber se são verdadeiras. Foi uma resposta a uma pergunta sobre a saída de Wagner Rossi do Ministério da Agricultura, após encontro com petistas mineiros ontem:

- Vejo que a troca de ministros deve ser encarada com naturalidade. É importante que a gente veja que o ministro fez uma carta-renúncia ontem (quarta), em caráter irrevogável. A presidente Dilma já aceitou e já indicou outro para o seu lugar.

Para Lula, se existem denúncias, elas devem ser investigadas pelos órgãos competentes. Ele disse ter equipado e aumentado os salários da Polícia Federal e afirmou que o Ministério Público é atuante.

- Precisa é apurar para ver se há (corrupção). Não estou vendo a crise que vocês dizem existir. Quando a gente senta naquela cadeira, a gente vê manchetes, crise em não sei onde, e você, que está lá, não está vendo essa crise. O Brasil vive um momento excepcional, do ponto de vista econômico, está muito bem. Crise muito forte na Europa, nos Estados Unidos, e o Brasil está numa situação privilegiada, inflação sob controle. A presidente lançou um plano industrial, e a população continua consumindo com muita responsabilidade. A gente está sendo exemplo de como enfrentar uma crise.

Mais cedo, em almoço com 140 representantes da base de Dilma, entre prefeitos, deputados, vereadores e ex-ministros, Lula pediu apoio à presidente "para que o país seja a quinta economia do mundo".

- A gente não tem de se preocupar porque saíram ministros. Eu também tirei muita gente no primeiro ano, companheiros que não queria tirar, mas a vida é assim mesmo - afirmou o ex-presidente.

Lula considerou imbecilidade a antecipação da discussão sobre a eleição de 2014:

- E só uma pessoa tem o direito legítimo de discutir, a companheira Dilma - afirmou.

Em seguida, disse que apenas ele próprio saberá dizer o rumo que tomará daqui a três anos:

- É inaceitável que um tucano como Serra diga que sou candidato em 2014. Quem decide se vou ser candidato sou eu, em primeiro lugar; o PT, em segundo lugar. A Dilma só não será candidata se ela não quiser. Em 2014, não sei da oposição, mas pelo governo o Brasil já tem candidata, Dilma Rousseff.