Título: Caso do Turismo: empresário é preso em casa
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 19/08/2011, O País, p. 12

Humberto Gomes não pagou fiança que tinha prometido

BRASÍLIA. Dois dias depois de driblar policiais federais no aeroporto internacional de Brasília, o empresário Humberto da Silva Gomes, um dos investigados na Operação Voucher, foi preso ontem em Taguatinga. O empresário está sendo acusado de não pagar à Justiça Federal a fiança de R$109 mil, compromisso firmado para se livrar da ordem de prisão que pesava contra ele. O pastor Wladimir da Silva Furtado, outro investigado na Operação Voucher, também pode voltar à prisão hoje. O pastor pagou a fiança com um cheque sem fundo.

Humberto Gomes foi um dos 38 suspeitos que tiveram a prisão decretada pela Justiça Federal do Amapá na terça-feira da semana passada. A Polícia Federal prendeu 36 acusados. Gomes foi um dos dois que escapou da prisão. Poucos dias antes do início da operação, ele viajou para Miami. Na terça-feira, mesmo foragido, Gomes obteve do juiz Guilherme Mendonça Doehler um habeas corpus, que lhe dava o direito de voltar ao Brasil sem ser preso.

Mas o habeas corpus estava condicionado ao pagamento da fiança de R$109 mil, fixada pela Justiça Federal do Amapá, conforme a Lei 12.403. Na terça-feira, quando retornou dos Estados Unidos, Gomes foi abordado por policiais federais de plantão no aeroporto de Brasília. Para se livrar da prisão, apresentou uma cópia do habeas corpus. Em nota divulgada ontem, a PF argumentou que não tinha, naquele momento, meios previstos em lei para checar se o empresário pagara a fiança.

A falha só foi descoberta ontem à tarde, quando surgiram informações de que o empresário não quitara a dívida com a Justiça Federal. Posteriormente, a PF verificou junto ao juízo federal de Macapá que não houve o pagamento de fiança, e os policiais foram até a casa do empresário, em Taguatinga, para cumprir o mandado de prisão.

Ao conceder o habeas corpus para Gomes, na terça-feira, Doehler disse que o empresário não criaria embaraços para a fiscalização. Para o juiz, "os crimes a ele (Gomes) imputados já foram descobertos, não havendo indicativos de que se trate de pessoa que se dedica à prática criminosa". A Justiça Federal arrecadou até o momento R$1,1 milhão com pagamentos de fiança de 16 dos 18 presos em caráter preventivo na Operação Voucher.

Na segunda-feira, o pastor Wladimir Furtado avisou à Justiça que não tem dinheiro para cobrir o cheque de R$109 mil que usou para se livrar da cadeia. Em resposta, foi avisado que teria que quitar a dívida até hoje. Caso contrário voltaria a ser preso.