Título: Não adianta só R$1 bilhão, diz líder do PMDB
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 13/08/2011, O País, p. 14

ESCÂNDALOS EM SÉRIE

Irritados com a demora na liberação das emendas parlamentares, aliados exigem cronograma de liberações

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Líderes dos partidos aliados reagiram com irritação e ironia às declarações da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), publicadas no GLOBO de ontem, cobrando responsabilidade dos parlamentares e afirmando que irá empenhar (autorizar para pagamento futuro) apenas R$1 bilhão em emendas de parlamentares ao Orçamento de 2011, sem garantia, por enquanto, de novos empenhos.

A crítica de Ideli foi dirigida à "greve branca" dos deputados aliados, que formaram um bloco informal de 201 integrantes e suspenderam as votações até que o governo resolva essa pendência. Para os aliados, o governo também tem que agir com responsabilidade e pagar as emendas previstas em lei, a Lei Orçamentária.

Líder do PMDB, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN) disse ter ficado surpreso porque, disse, Ideli vem agindo com muito respeito e parceria nos encontros com a base. Ele lembrou que a base já avisou à ministra que, mais do que o empenho de R$1 bilhão, o que deseja é o cronograma de liberações futuras para que o desgaste político diminua. As emendas individuais de 2011 totalizam R$7,7 bilhões, e os parlamentares pressionam pelo empenho de, pelo menos, metade deste total.

- Se esse R$1 bi faz falta para o Mantega, não é preciso, pode guardar. Não adianta só R$1 bilhão. É desgaste e desrespeito em relação a todos nós. Emenda é um direito do Parlamento. O que queremos é que, diante das circunstâncias da economia, se faça um cronograma do que é possível. Não envolve liberação financeira. Queremos saber como o Executivo vai cumprir a lei orçamentária no tocante aos 5,5 mil municípios.

Segundo o peemedebista, a base aliada tem agido de forma responsável, votando projetos do governo e segurando votações de propostas polêmicas de aumento de gastos públicos, mesmo sofrendo o desgaste natural com seus eleitores.

O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), disse que, da mesma forma que Ideli cobra responsabilidade dos parlamentares, é preciso que o governo também seja responsável e cumpra a lei:

- Podemos devolver na mesma direção: temos que ter responsabilidade, prudência com o país. Mas não podemos deixar, em nome da crise internacional, nossos municípios quebrarem. O governo não pagar algo que deve, restos a pagar aos municípios, é calote.

Depois, minimizou as declarações da ministra:

- Tenho certeza que deve ter sido num momento ruim. Ela (Ideli) tem tido muito equilíbrio no trato com a gente. Queremos o cronograma de empenho e liberação e temos certeza de que ele virá na terça-feira.

O líder do PR, Lincoln Portela (MG), voltou a reafirmar a posição de independência do partido em relação ao governo.

- Se o cumprimento da lei orçamentária não é efetuado no tempo correto, só depois de todo um desgaste, leva os deputados a serem taxados de chantagistas. O governo só cede mediante chantagem.