Título: Sindicalista confirma acusação contra deputada suspeita de receber propina
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 13/08/2011, O País, p. 4

ESCÂNDALOS EM SÉRIE

Outros três ouvidos pela PF também acusaram Fátima Pelaes, que nega

MACAPÁ. O sindicalista Errolflyn de Souza confirmou ontem as acusações que fez à Polícia Federal sobre o suposto envolvimento da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) com o desvio de parte dos R$2,5 milhões repassados pelo Ministério do Turismo à Conectur, investigada na Operação Voucher. Segundo Errolflyn, o empresário Wladimir Silva Furtado, dono da Conectur, relatou pelo menos duas vezes que parte do dinheiro repassado pelo governo federal para incentivar o turismo no Amapá foi destinada à deputada.

Ex-dirigente da Conectur, Errolflyn fez a acusação pela primeira vez à PF na quarta-feira. Preso na terça-feira, foi solto depois de interrogado.

- O Wladimir me contou, e também contou para outras pessoas, que o dinheiro entrava numa conta da cooperativa e voltava para Fátima (Pelaes) - disse Errolflyn ao GLOBO.

"Só em um dia assinou 60 cheques"

Ele disse que ouviu o relato de Wladimir em 2008. A deputada apresentou emenda ao Orçamento da União de R$2,5 milhões com o pretexto de incentivar o turismo no Amapá. Ela também apresentou outras emendas, de R$9 milhões, para o Ibrasi, ONG que está no centro da Operação Voucher.

As acusações de Errolflyn, vice-presidente do PT local, foram reforçadas por outros três presos, também ouvidos pela PF. Num contundente depoimento, o estudante David Lorrann Silva Teixeira narrou detalhes da suposta fraude entre a Conectur e a deputada. Sobrinho de Wladimir e funcionário da Conectur, Lorrann descreveu para a polícia como o dinheiro era partilhado.

"Que seu tio (Wladimir) falava que ganharia 10% do total e a deputada federal Fátima Pelaes ficaria com aproximadamente R$500 mil", disse o estudante. Ele contou ainda que, como empregado do tio, assinou vários cheques em branco. "Só em um dia assinou 60 cheques", revelou.

Merian Guedes de Oliveira, secretária da Conectur, também incriminou Fátima. Segundo ela, Wladimir disse que, "na divisão do dinheiro, a deputada ficou com a maior parte do dinheiro". A empresária Hellen Luana também mencionou a partilha.

Procurada pelo GLOBO, por sua assessoria de imprensa, a deputada, que anteontem negara a propina, ontem disse que só vai se manifestar depois de tomar conhecimento do inquérito.