Título: Petróleo: país dobrará importação de derivados
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Fonte: O Globo, 18/08/2011, Economia, p. 31

Segundo Petrobras, parcela de insumos vinda do exterior irá a 10% nos próximos anos. Estatal investe em usina de etanol

RIO e SÃO PAULO. Devido ao forte aumento do consumo de combustíveis desde o ano passado, o país deve dobrar a parcela de derivados de petróleo importados, passando de 5% para 10% nos próximos anos. A estimativa foi feita pelo diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ao detalhar os investimentos previstos no Plano de Negócios 2011/15 de US$70,6 bilhões para a área de refino, transportes e comercialização.

Atualmente o consumo de combustíveis é de dois milhões de barris por dia, enquanto a capacidade de refino é de 1,85 milhão de barris, e a produção de petróleo fica em torno de 2,1 milhões de barris diários. O diretor destacou que, desde o ano passado, o consumo de combustíveis passou a superar as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). No primeiro semestre deste ano registrou aumento de 7% frente a igual período do ano passado.

Ontem, a Nova Fronteira Bioenergia, sociedade da Petrobras Biocombustíveis com o grupo paulista São Martinho, anunciou investimento de R$520 milhões para ampliar a moagem de cana de açúcar da usina Boa Vista, localizada em Quirinópolis (GO), de 2,3 milhões de toneladas para oito milhões de toneladas a partir da safra 2014/2015. Do total investido, entre 70% e 75% serão financiados pelo BNDES e o restante virá da empresa. Depois de concluída a expansão, a unidade de Boa Vista se tornará a maior destilaria voltada à produção exclusiva de etanol do mundo, com 700 milhões de litros por ano.

- Somos o primeiro grupo a reabrir o ciclo de investimentos em etanol depois de um longo período de crise - disse Fábio Venturelli, representante da São Martinho e presidente da Nova Fronteira, que previu a criação de três mil empregos na região da usina.

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou ontem que os problemas relacionados à oferta do álcool no Brasil não são de estocagem - um dos principais pontos que vêm sendo abordados pelo governo na política de longo prazo do etanol - e sim de capacidade de produção de cana. Por isso, sugeriu que não é possível garantir que não se repetirá a escalada dos preços nas próximas safras.

- Falta cana, e sem cana não tem como produzir e fazer estoque - disse Gabrielli, em audiência na Câmara sobre o novo plano de negócios da estatal. (Ramona Ordoñez, Lino Rodrigues e Vivian Oswald)