Título: Dilma vive momentos de Margarida
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 18/08/2011, O País, p. 14

Presidente relaxa com trabalhadoras, mas denúncias não lhe dão sossego

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff saiu do Palácio do Planalto e foi ao encontro de cerca de 70 mil trabalhadoras rurais e urbanas que participaram da Marcha das Margaridas, movimento de mulheres por melhores condições de vida no campo. À vontade no palanque com líderes dos movimentos sociais, a presidente usou o mesmo chapéu de palha das trabalhadoras, fez promessas e disse que também é uma Margarida - homenagem à dirigente sindical Margarida Maria Alves, assassinada em 1983, na Paraíba.

Dilma demonstrou que as sucessivas denúncias de desvio de recursos públicos não saem da sua cabeça. Chamou o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, de Agnelo Rossi. Cerca de uma hora depois, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão, sob denúncias de corrupção. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, Alberto Broch, virou Alfredo. O senador Alfredo Nascimento (PR-AM), ex-ministro dos Transportes, lidera o movimento para afastar o partido do governo.

Dilma chegou ao Parque da Cidade com uma hora de atraso e de helicóptero. As trabalhadoras estavam impacientes. Quando a presidente entrou no palco, acenando, jogando beijos e fazendo coração com as mãos, foi aplaudida.

- A marcha de vocês me toca e me emociona profundamente, não apenas como presidente da República, mas como mulher e cidadã - disse a presidente, que entregou à secretária de Mulheres da Contag, Carmen Foro, o caderno de respostas às 150 reivindicações do movimento.

Ela prometeu implementar projetos voltados para a saúde da mulher e da criança e disse que o debate é bem-vindo:

- O principal resultado é a continuidade do diálogo e do respeito entre vocês e o governo, iniciados pelo presidente Lula. Eu me comprometo a dar continuidade a esse diálogo. Críticas e sugestões são essenciais e muito bem-vindas, porque permitem construir o Brasil que queremos, um país sem miséria, mais justo e menos desigual. Eu me considero uma presidente Margarida, como vocês.