Título: Situação só iria piorar, na avaliação do PMDB, que manterá o ministério
Autor: Regina, Alvarez; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 18/08/2011, O País, p. 3

Mendes Ribeiro, líder do governo no Congresso, é o nome mais cotado

BRASÍLIA. Da mesma forma que negociou com a presidente Dilma Rousseff os termos da demissão de Wagner Rossi, o PMDB acertou que a pasta continuará sob o comando do partido. Ontem à noite, o vice-presidente Michel Temer, padrinho político de Rossi, se reuniu com parlamentares do seu grupo político para discutir o nome que o partido vai sugerir à presidente.

Segundo Temer, quatro ou cinco nomes são cotados. O mais forte era o do deputado gaúcho Mendes Ribeiro, atual líder do governo no Congresso. Dilma pediu que a indicação lhe seja apresentada até hoje de manhã.

Outros cotados eram o ex-ministro da Agricultura e deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR) e Valdemir Moka (PMDB-MS). Temer defendeu Rossi com veemência, quando perguntado se a demissão significava que ele estava assumindo culpa:

- Assumir culpa coisa nenhuma! Coisa nenhuma. Espero que vocês nunca tenham um parente, um filho, um pai morto há mais de 20 anos sendo acusado, sem provas.

A saída de Rossi foi anunciada no fim da tarde, após consultas feitas por Temer. Ele começara a perceber que a permanência de Rossi por mais alguns dias poderia também contaminá-lo.

No fim da tarde, Rossi chegou tenso à Vice-Presidência. Numa conversa franca, Rossi disse para Temer que não seria "um empecilho". Os dois concluíram que o melhor seria comunicarem à presidente a saída do ministro. Rossi alegou para Dilma que sua família estava sob grande exposição.

Nos últimos dias, Dilma decidiu deixar nas mãos de Temer o destino do seu afilhado político, diante da percepção de que a situação de Rossi era extremamente delicada, com a onda de denúncias. Mas, segundo um auxiliar direto, Dilma não pretendia tomar a iniciativa, pois isso poderia abalar de forma definitiva sua relação com o PMDB.

Vice-presidente da Câmara defende saída de Novais

O próprio Temer fez uma avaliação prática: seria melhor Rossi deixar o governo, ainda em condições políticas para se defender do que chegar a uma situação extrema, em que seria obrigado a sair.

Na base aliada, a avaliação era que Rossi não aguentou a pressão de novas denúncias que viriam. O discurso, espalhado pelo próprio Temer a parlamentares, é que Rossi saiu a pedido da família.

A primeira vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES), disse que Rossi agiu corretamente e que o ministro do Turismo, Pedro Novais, deveria tomar a mesma atitude:

- Wagner Rossi tomou a decisão certa, no momento oportuno. Vai ter a liberdade necessária para se defender. Não renunciou para se esconder. Pedro Novais deveria fazer o mesmo, esse deveria ser o primeiro (a deixar o cargo). O PMDB está bastante enfraquecido, a grande maioria da bancada do PMDB está descontente. O PMDB se submete demais aos cargos. Não queremos mais discutir emendas e cargos, queremos discutir política.