Título: Dilma quis Amorim já na montagem do governo, mas Lula pediu por Jobim
Autor: Barbosa, Adelson
Fonte: O Globo, 06/08/2011, O País, p. 4

Disciplina e nacionalismo do ex-chanceler teriam motivado convite

Para aqueles que se surpreenderam com a escolha do diplomata de carreira Celso Amorim para assumir o Ministério da Defesa no lugar de Nelson Jobim, a presidente Dilma Rousseff já havia pensando no nome do ex-chanceler para ocupar a pasta no fim do ano passado, quando trabalhava na montagem de seu governo. Segundo pessoas próximas à presidente da República, Dilma jamais teve dúvidas de que os militares teriam boas relações com Amorim, em razão de seu perfil nacionalista, o que agrada às Forças Armadas.

A opção por Amorim foi transmitida por Dilma ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há pelo menos duas versões para a permanência de Jobim no cargo. Lula esquecera de falar com seu então ministro das Relações Exteriores; ou teria pedido a Dilma que deixasse Jobim por mais algum tempo à frente da Defesa, dado seu bom trânsito na área militar.

O fato é que só na última quinta-feira, ao se ver forçada a exonerar Jobim, a presidente telefonou para Celso Amorim e fez o convite. Ele aceitou prontamente o desafio e deve assumir o cargo na segunda-feira.

Outra preocupação do Planalto é sobre como será a convivência entre Amorim e o atual chanceler, Antonio Patriota, que também ligou para o diplomata para parabenizá-lo pelo convite. Segundo um alto funcionário do Itamaraty, não há o que temer. Patriota é "cria" de Amorim, ou seja, foi preparado por ele para assumir a função que ocupa. Essa garantia foi transmitida à própria presidente da República.

Entre as razões que levaram Dilma a convocar Amorim de volta ao governo, além do nacionalismo e da disciplina, estão seu amplo conhecimento na área de segurança internacional e sua histórica defesa da integração entre os países latino-americanos. Uma das tarefas de Amorim será reforçar o Conselho Sul-Americano de Defesa, criado há cerca de dois anos.