Título: Amorim diz ter apreço por Jobim e também garante continuidade
Autor: Barbosa, Adelson
Fonte: O Globo, 06/08/2011, O País, p. 4

TROCA NO GOVERNO

Novo ministro ainda vai se reunir com Dilma e comandantes militares

JOÃO PESSOA. O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, disse ontem que dará continuidade ao trabalho já desenvolvido na Defesa. Em João Pessoa para uma palestra na Universidade Estadual da Paraíba, cancelou a entrevista agendada e preferiu fazer apenas um pronunciamento, no qual disse que ainda vai se reunir com os comandantes militares e com a presidente Dilma Rousseff antes de detalhar seus planos.

- Tenho muito apreço pelo trabalho feito pelos meus antecessores, inclusive o ministro Nelson Jobim - afirmou Amorim, que deixa hoje a Paraíba e segue para o Rio. De lá, viaja com destino a Brasília.

O ministro afirmou que a Defesa tem um projeto importante e acrescentou que dará continuidade ao trabalho já realizado.

- Há uma estratégia nacional de Defesa já definida. Eu, em toda a minha vida, fui um servidor do Estado brasileiro e pretendo continuar a ser, sempre abrindo essa condição de servidor para um diálogo com a sociedade, mas sem perder de vista os interesses maiores e estratégicos da nação.

Lula: "Não cabe aos militares gostarem ou não"

Defensor da permanência de Jobim na época da formação do governo Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem não saber o que aconteceu com o ex-ministro para ter tomado as atitudes que culminaram com a carta de demissão, entregue na quinta-feira. E elogiou a escolha de Amorim:

- A presidente escolheu bem, acho que não deveria ter acontecido o que aconteceu. Não sei o que aconteceu com o ministro Jobim, que era altamente qualificado para o cargo. Mas aconteceu. Agora é tocar o barco - disse ontem, em Bogotá, na Colômbia, onde participou de um fórum de investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Para ele, a decisão de Dilma não deve ser discutida pelas Forças Armadas.

- Não sei se cabe aos militares gostarem ou não gostarem. Ou seja, quando a presidente indica uma pessoa, está indicada. Ela é chefe suprema das Forças Armadas, indicou o ministro e acabou. Não se discute - declarou, acrescentando que Celso Amorim é "politicamente muito hábil" e "vai dar sequência ao trabalho extraordinário" feito por Jobim.

* com agências