Título: Mesmo com crise, inflação não cede
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 20/08/2011, Economia, p. 29

A crise global, que pode se intensificar com a desaceleração nas economias dos países centrais, pode dar um freio na inflação brasileira. Com as perspectiva de queda em cotações de commodities, os preços internos ficariam menores. Analistas, contudo, ainda não acreditam que a turbulência internacional pode fazer estragos na economia brasileira como a crise financeira de 2008. Sem esse contágio importado da crise de outros países, a expectativa do mercado ainda é de inflação em alta nos próximos meses. E os serviços, alimentados por reajustes salariais, continuariam sua escalada.

Na opinião de Luis Otávio Leal, do banco ABC Brasil, as projeções indicam nova aceleração no índice fechado de agosto "para algo mais para 0,40% do que para 0,30%", o que levaria o acumulado em 12 meses entre 7,15% e 7,20%. Para ele, "o cenário externo justifica uma parada na elevação dos juros, mas a inflação interna não dá espaço para imaginar corte nas taxas nesse momento".

- Em algum momento, o governo vai precisar escolher o que quer: crescer abaixo de 3% ou rodar a economia do país com inflação acima de 6%.

Na avaliação de Fábio Romão, da LCA, o grupo de alimentos e bebidas deve subir mais, numa "resposta defasada às altas dos preços agropecuários no atacado", disse em relatório. Outros grupos vão pressionar o índice, como vestuário. Com isso, espera-se IPCA fechado de agosto de 0,37%. (Fabiana Ribeiro)