Título: É dever da sociedade apoiar a presidente
Autor: Benevides, Carolina; Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 20/08/2011, O País, p. 10

Para entidades como Firjan e Fiesp, movimento de combate à corrupção deve ser ampliado

RIO e SÃO PAULO. Dias depois da queda do terceiro ministro do governo Dilma Rousseff por conta de denúncias de irregularidades e da criação da Frente Suprapartidária de Combate à Corrupção e à Impunidade, encabeçada por senadores, o empresariado brasileiro diz que a presidente terá "apoio total" para seguir em frente com a faxina ética no governo.

Presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira afirma que não é hora de "fazer vista grossa" e que é "dever da sociedade apoiar a presidente".

- Não podemos fazer vista grossa ou corroborar o pensamento de que o combate à corrupção inviabiliza a governabilidade. É dever da sociedade apoiar a presidente e os senadores que já se manifestaram, ampliando essa corrente por empresariado, academia, imprensa e formadores de opinião - disse Gouvêa Vieira. - Na Firjan subscrevemos o Pacto Empresarial pela Integridade Contra a Corrupção, e cada vez mais filiados fazem o mesmo. Precisa ficar bem claro que o caminho da corrupção no Brasil é o mesmo que traz armas, munições e drogas.

De acordo com estudo da Fiesp, a corrupção custa ao país pelo menos R$50,8 bilhões por ano. Os recursos seriam suficientes para a construção de 78 aeroportos ou de 57 mil escolas. Também poderiam garantir rede de esgoto para mais de 15 milhões de domicílios.

- Vemos esse movimento do governo como extremamente oportuno. Temos que dar toda a força para a presidente para que ela vá em frente com a faxina - disse José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade e tecnologia da Fiesp. - Porém, não é só ela que deve agir. O processo corre um risco de retrocesso porque os setores e agentes da corrupção movimentam muito dinheiro, são fortes e organizados. A reação será organizada, e a sociedade precisa transformar essa indignação difusa em algo forte e organizado.

Concluído há alguns dias, o estudo da Fiesp sobre o impacto da corrupção estima que as perdas de recursos com desvios e propinas giram entre R$50,8 bilhões e R$84,5 bilhões, algo em torno de 1,38% a 2,3% do PIB, utilizando dados de 2010.

- Esse montante de R$51 bilhões é muita coisa, mas achamos que a estimativa está bem próxima da realidade. A corrupção é um vetor negativo importante no custo Brasil - disse Roriz.