Título: Bolsa avança 2,20% com melhor clima externo, e dólar cai a R$1,591
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 16/08/2011, Economia, p. 22

TREMOR GLOBAL: Em Wall Street, Dow Jones sobe 1,90% e Nasdaq, 1,88%

Compras do BC europeu e operação com a Motorola trazem alívio momentâneo

RIO e NOVA YORK. Os mercados internacionais abriram a semana ontem sem pânico e com ganhos, reflexo de um clima mais ameno sobre a Europa e a bilionária compra da Motorola Mobility pela Google nos EUA. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) avançou 2,20%, aos 54.651 pontos pelo Ibovespa, seu principal índice. Foi o quinto pregão seguido de recuperação. Também influenciado pelo cenário externo, o dólar comercial recuou 1,24%, a R$1,591, pela primeira vez abaixo de R$1,60 desde o corte da nota de risco dos EUA pela agência Standard & Poor"s (S&P).

Em Wall Street, o Dow Jones avançou 1,90% e o Nasdaq, 1,88%. Os ganhos foram sustentados pelos papéis da Motorola Mobility, que subiram 55,78% após a Google anunciar a compra da empresa por US$12,5 bilhões e gerar otimismo sobre o mercado de aquisições nos EUA. As ações da Nokia subiram 17,4%.

- A Bolsa aqui reagiu bem ao clima externo, após uma semana muito estressante. Mas ainda devemos ver muita volatilidade pela frente - disse Eduardo Oliveira, da Um Investimentos.

Mercado aguarda encontro entre Sarkozy e Merkel

Os mercados gostaram também dos números sobre o volume de títulos do governo da Itália e da Espanha comprados pelo Banco Central Europeu. O BCE gastou 22 bilhões (US$31,7 bilhões) na semana passada num esforço para manter a região fora de um desastre. Especialistas estimavam compras menores, na faixa de 15 bilhões.

Além do comunicado do BCE sobre os títulos, favoreceram o mercado as expectativas positivas em torno da reunião entre o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, marcada para hoje em Paris.

- Existe uma expectativa de novidades sobre o encontro, um sinal de quem eles seguem arrumando a casa - disse Hersz Ferman, gestor da Yield Capital.

Na Europa, as principais bolsas fecharam ontem em leve alta: Londres (0,57%), Paris (0,78%) e Frankfurt (0,41%). A Bolsa de Milão não operou por conta de um feriado.

Além das boas notícias de fora, os papéis do varejo teriam sido ajudados ontem pela queda da expectativa de inflação no boletim Focus, do Banco Central (BC). Foram reduzidas as previsões para a inflação medida pelo IPCA deste ano (de 6,28% para 6,26%) e do próximo (de 5,27% para 5,23%).

Entre as chamadas blue chips (empresas com maior peso no Ibovespa), as ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras avançaram 3,40% (R$20,99). Os papéis ordinários (ON, com voto) da OGX subiram 3,32% (R$11,53). Ambos foram puxados pela valorização do preço do petróleo no mercado internacional.

Lideraram os ganhos do Ibovespa as ações ON da Marfrig, com alta de 6,58%, a R$9,23. Os papéis haviam caído cerca de 40% na semana passada, em meio a vendas de fundos da gestora GWI. Outro destaque ficou para ações ON da Fibria, em alta de 7,26%, a R$15,51.

O mercado praticamente ignorou ontem dados do setor manufatureiro do Estado de Nova York, que encolheu pelo terceiro mês seguido em agosto. O índice "Empire State" de condições gerais de negócios caiu de menos 3,76 pontos em julho para menos 7,72 este mês.

No câmbio, o real seguiu a tendência internacional, com o dólar perdendo valor diante da maioria das moedas.

- O euro ganhou força e isso influenciou o mercado internacional - diz Luiz Eduardo Portella, sócio do Banco Modal. Ontem, a divisa americana caiu 1,33% perante o euro.

Para o gerente de câmbio da Fair Corretora, José Roberto Carreira, o cenário externo continuará dando o ritmo do câmbio no mercado local. Mantendo-se o ambiente de menor aversão ao risco, a tendência é de baixa no dólar, pois a taxa básica de juros do Brasil segue alta na comparação com outros países. Mas notícias negativas lá fora podem jogar a moeda para cima.

(*) Com agências internacionais