Título: Procurador critica vazamento de fotos
Autor: Gois, Chico de; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 16/08/2011, O País, p. 10
Reconduzido, Gurgel acha "inaceitável" exposição de presos da Operação Voucher
BRASÍLIA e SÃO PAULO. Na sua primeira entrevista após ser reconduzido ao cargo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, criticou ontem o vazamento das fotos dos presos da Operação Voucher, no Amapá:
- A questão do vazamento de fotos é absolutamente inaceitável. É absolutamente inaceitável a exposição de pessoas tal como foi feito. Isso deve ser apurado, e os responsáveis devem ser punidos - disse, acrescentando que os presos não deveriam estar sem camisa. - Não vejo nenhuma justificativa para aquilo. Só haveria necessidade para aquilo durante o exame médico-legal. Evidentemente, a fotografia não precisaria ser feita naquelas circunstâncias.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes também criticou, ontem, o vazamentos das fotos.
- Acho esse episódio todo lamentável. Na presidência do STF, chamei atenção para abusos que estavam sendo cometidos nessas operações. O STF deu a resposta com aquela súmula das algemas - afirmou, após participar de um debate sobre a reforma do Código Florestal na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Promessa de priorizar casos de corrupção
Em sua recondução ao cargo, Gurgel prometeu dar prioridade aos casos de corrupção no governo que vieram à tona recentemente, nos ministérios do Turismo e da Agricultura. Disse que ainda não teve acesso aos documentos enviados pela oposição. Mas, com base no noticiário da imprensa, considerou as denúncias graves:
- São assuntos prioritários, sem dúvida. São todos temas que vão merecer a atenção prioritária da Procuradoria Geral da República. A julgar pelas notícias da imprensa, os fatos são realmente graves.
O procurador não quis adiantar se abrirá inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar eventuais crimes cometidos por autoridades com direito a foro especial, como a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), autora de emenda parlamentar que teria originado o desvio de dinheiro do Turismo:
- Não teria como dizer (se há indícios fortes contra a deputada) antes de analisar os elementos, que devem estar aguardando na Procuradoria. Não teria como antecipar hoje qualquer coisa - disse.
Gurgel disse concordar com a posição da presidente Dilma Rousseff, que criticou excessos em investigações:
- O discurso da presidente realça que, neste país, temos que ter rigorosamente observados os direitos das pessoas investigadas. E, naquele episódio especificamente, não há dúvida de que esses direitos não foram adequadamente observados.