Título: Cem PMs acusados de matar
Autor: Werneck, Antônio
Fonte: O Globo, 26/08/2011, Rio, p. 14

Juiz levanta casos de autos de resistência em São Gonçalo

acccosta@oglobo.com.br

O juiz da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, Fábio Uchoa, substituto da juíza Patrícia Acioli, disse ontem que, ao analisar os processos em andamento, verificou que há cerca de cem policiais militares envolvidos em autos de resistência (mortes de suspeitos em supostos confrontos com a polícia).

¿ Somente aqui nesta vara criminal, há mais de 50 processos de autos de resistência e em muitos deles há mais de um policial envolvido. Isso é um problema crônico na PM, que pode ser resolvido com uma melhor formação do policial e uma análise psicológica de cada um ¿ disse o juiz.

Uchoa informou que vai manter os pedidos, feitos por sua antecessora, para que sejam feitas 75 reconstituições de homicídios em São Gonçalo. Os crimes, em sua maioria, foram praticados por grupos de extermínio e, em muitos deles, há o envolvimento de policiais militares. Na tarde de ontem, o diretor do Departamento de Polícia Técnica da Polícia Civil, Sérgio Henriques, fez uma visita ao juiz e disse que criará uma força-tarefa para que essas reconstituições sejam feitas.

O juiz recebeu ontem em seu gabinete a primeira denúncia apontando um suspeito da morte da juíza Patrícia Acioli. O documento, sem remetente, acusa um policial civil de ser o principal suspeito do crime. O agente, de acordo com a denúncia, seria miliciano em São Gonçalo e responderia a um processo por crime passional na 4ª Vara Criminal. Uchoa encaminhou a denúncia para a Divisão de Homicídios, que apura o homicídio.

Até o fim da tarde de ontem, mesmo com a confirmação de que as balas que mataram a juíza partiram de um lote fornecido ao 7º BPM (São Gonçalo) e ao 8º BPM (Campos), nenhuma arma tinha sido entregue ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), para que fosse feito exame de confronto balístico. Essa perícia poderá determinar de que armas partiram os tiros.