Título: Crescimento da Alemanha decepciona no 2º tri
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Fonte: O Globo, 17/08/2011, Economia, p. 23

PIB cresce apenas 0,1%, o pior resultado desde o início de 2009. Analistas esperavam expansão de 0,5%

Do El País

BERLIM, MILÃO e RIO.

Mais problemas para a zona do euro. O crescimento da economia da Alemanha desacelerou mais do que o esperado no segundo trimestre, com expansão do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) de apenas 0,1% frente aos três primeiros meses deste ano. O número representa o pior resultado trimestral alemão desde a leitura negativa do primeiro trimestre de 2009.

O Escritório Federal de estatísticas (Destatis) reconheceu que o fraco resultado da economia foi uma surpresa, já que as previsões indicavam uma expansão de pelo menos 0,5%.

As preocupações com o crescimento econômico ¿ afetadas também pelo resultado da zona do euro, cujo PIB cresceu 0,2% no trimestre passado, ante previsão de 0,3% ¿ voltaram a abater os investidores, com baixa nas principais bolsas mundiais.

Na comparação anual, os dados estatísticos mostram que o crescimento alemão no segundo trimestre desacelerou para 2,8% frente ao mesmo período de 2010, depois de uma alta de 5% nos primeiros três meses do ano passado.

Previsões de especialistas consultados pela agência de notícias Reuters indicam um crescimento anual de 3,2%. Já o Destatis corrigiu para baixo o resultado da economia alemã no primeiro trimestre: passou de 1,5% para 1,3%.

Os números divulgados ontem indicam um panorama pior do que o de 2010 para o país que é considerado o motor da Europa. Em 2010, a Alemanha surpreendeu ao registrar um crescimento econômico de 3,6% graças aos bons resultados do comércio exterior, aos investimentos em equipamentos e ao consumo interno. Agora, os técnicos do Destatis responsabilizam a crise da dívida na zona do euro e a fraqueza econômica dos EUA pelo enfraquecimento do PIB alemão no trimestre passado.

Apesar disso, afirmou órgão, os temores de uma nova recessão são injustificados.

Os resultados do PIB alemão e da zona do euro dissiparam o otimismo que marcou o início da semana nos mercados financeiros, por novos temores sobre a saúde da economia global.

Bolsa de Londres foi a única a fechar em alta

Na expectativa da reunião, as Bolsas da Europa fecharam o pregão com leves perdas, menores do que as registradas pela manhã: Paris (-0,25%), Frankfurt (-0,45%) e Madri (- 0,40%). A Bolsa de Londres registrou uma pequena alta de 0,13%. Em Milão, o índice FTSE/ Mib teve desvalorização de 0,87%. Em Lisboa, o índice PSI20 encerrou em queda de 1,47%. Os líderes de França e Alemanha, no entanto, frustraram os mercados e informaram que vão propor, em setembro, um imposto sobre transações financeiras. Além disso, rejeitaram aumentar o fundo de C 440 bilhões criado em 2010 para socorrer Irlanda e Portugal.

Em meio ao pessimismo sobre a economia da Europa, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) interrompeu ontem uma sequência de cinco pregões de recuperação. O mercado brasileiro abriu em queda, refletindo os números ruins de Alemanha e dos 17 países do euro. Pela manhã, o Ibovespa chegou a recuar 2,03%, na linha dos 53 mil pontos, enquanto o dólar subia.

No início da tarde, o mercado recuperou parte da perda da manhã na expectativa de novidades da reunião entre o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em Paris, quando seriam discutidas formas de cooperação para enfrentar o problema da dívida.

O Ibovespa, índice de referência do mercado, fechou em queda de 0,60%, aos 54.323 pontos, puxado principalmente por ações das companhias siderúrgicas. Já o dólar comercial ficou estável, a R$ 1,592 (leve alta de 0,06%).

¿ Os dados da Europa foram negativos e os investidores também estão com um pé atrás por causa da bateria de indicadores da economia americana pela frente, o que pode provocar muita volatilidade nas Bolsas ¿ afirmou Rafael Espinoso, estrategista de renda variável da CM Capital Markets.

Nos EUA, os mercados voltaram a acelerar as perdas. Em Wall Street, o Dow Jones ¿ principal índice da Bolsa de Nova York ¿ fechou em queda de 0,67%. Já o Nasdaq, bolsa eletrônica, recuou 1,24%.

COLABOROU: Bruno Villas Bôas, com agências internacionais