Título: Eduardo Nunes deixa presidência do IBGE
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 02/09/2011, Economia, p. 26

Escolha da diretora de Pesquisas, Wasmália Bivar, surpreende na véspera do PIB. Será a primeira mulher no comando

Na véspera da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, mudou o comando do IBGE, o instituto de pesquisa oficial responsável pela divulgação dos grandes números da economia, vinculado ao Ministério do Planejamento. Os funcionários foram surpreendidos pelo comunicado da presidência ontem, com data de quarta-feira, no qual o presidente Eduardo Nunes se despedia da direção. Na carta, não havia a indicação da nova presidente. Wasmália Bivar, diretora de Pesquisas do instituto, será a primeira mulher a ocupar a presidência do instituto, com sete mil funcionários:

"Comunico que, a partir de amanhã, não exercerei mais a Presidência do IBGE... Desejo ao novo presidente todo o sucesso possível e que possa conduzir o IBGE de acordo com a grandeza da Instituição. O IBGE, para além do trabalho individual de cada servidor, tem um alcance que a todos nós sobrepuja, um alcance que se impõe por si próprio.", disse Nunes no comunicado aos funcionários.

Wasmália está no instituto desde 1986

Ambos são funcionários de carreira do instituto. Nunes, que estava há oito anos e meio à frente do IBGE, é servidor há 31 anos. Já Wasmália está no instituto há 25 anos. Ainda não há uma data para a posse e o comando está sendo exercido, interinamente até sair a designação de Wasmália, pelo diretor-executivo, Sergio Côrtes.

Eduardo Nunes assumiu a presidência da entidade durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Wasmália é economista e doutora em economia pela Universidade de Milão. Foi professora da PUC e estudou mercado de trabalho em suas teses de mestrado e doutorado. Entrou no IBGE como técnica da Coordenação de Indústria. Desde 2004, ocupava a Diretoria de Pesquisas. Antes foi chefe do Departamento de Indústria, da Divisão de Metodologia e da Coordenação de Contas Nacionais, responsável pela divulgação do PIB.

Nos corredores do instituto não havia rumores sobre a transição. Havia uma expectativa com a mudança no governo, mas a escolha agora da diretora de pesquisas surpreendeu técnicos:

- São dois grandes profissionais, tanto Eduardo (Nunes, ex-presidente), quanto Wasmália. Mas não se comentava nada sobre essa mudança - disse um técnico do instituto.

Outro técnico afirmou que a escolha dela era a transição natural. Uma pessoa do corpo técnico, comprometida com o projeto do IBGE:

- Depois de muito tempo , havia um afastamento da direção com o corpo técnico. O IBGE está em festa. A Wasmália merece muito. Tem visão do IBGE. Não é personalista e não está preocupada com seu projeto pessoal. Estava na hora de renovar. É natural - disse outro técnico.

IBGE está em negociação de dissídio

Wasmália afirmou que a relação com os funcionários é boa, e a última greve aconteceu há muito anos:

- O plano de carreira foi modificado, reconhecido como uma conquista . Houve ganhos salariais e valorização dos recursos humanos. Reivindicações vão haver. Estamos agora em processo de negociação. É um período difícil, já que há restrições orçamentárias. Mesmo assim, está bastante tranquila. Há reivindicações, mas não no patamar da última greve - disse a nova presidente.

No setor de pesquisas, de onde veio, Wasmália afirmou que a análise do mercado de trabalho, com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua "abrirá novas possibilidades de investigação":

- No início de 2012, começaremos com alguns estados.

(*) com agências