Título: Oposição questiona razões de corte
Autor: Valente, Gabriela; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 02/09/2011, Economia, p. 24

Base governista elogia decisão do Banco Central

BRASÍLIA. Parlamentares da base classificaram ontem de positiva a redução dos juros básicos, decidida na véspera pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Os governistas viram no movimento uma mudança permanente na condução do Banco Central. Já os oposicionistas, embora tenham se posicionado a favor da Selic mais baixa, questionaram se há argumentos técnicos suficientes. Para eles, a equipe de Alexandre Tombini sucumbiu à pressão da presidente Dilma Rousseff, o que tira o mérito da medida e arranha a autonomia do BC.

O vice-líder do governo no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG), argumentou que o BC está mudando a sua orientação, como os parlamentares esperavam. Para ele, isso é possível a partir de outros esforços feitos, como o aumento do superávit primário, e a perspectiva de prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU), a ser votada.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), disse que uma queda nos juros é sempre uma boa notícia. Mas criticou a suposta interferência de Dilma e questionou se as condições macroeconômicas dão suporte a esse tipo de decisão, num momento em que a grande preocupação é a pressão inflacionária.

- A queda é sempre bem-vinda, desde que feita com base em valores econômicos adequados e não só porque a presidente quer.

O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) também elogiou o BC. Para ele, a instituição está atuando para controlar a inflação sem causar uma desaceleração excessiva da economia:

- Dar agora um tranco na economia poderia levar a inadimplência acima do nível razoável, que certamente criaria dificuldades para as entidades credoras, o que tornaria mais grave os efeitos de um desaquecimento exagerado.

O líder do PSDB, senador Álvaro Dias, afirmou que a oposição é a favor da queda dos juros e da preservação de emprego e renda, mas que os especialistas não consideram o momento oportuno por causa da inflação. (Cristiane Jungblut)