Título: Presidente fez pressão por corte
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 01/09/2011, Economia, p. 23
BRASÍLIA. O Palácio do Planalto agiu diretamente para o Copom reduzir a Taxa Selic a 12% ao ano. Segundo interlocutores, a presidente Dilma Rousseff foi alertada de que não seria uma decisão unânime. Mas deixou claro sua posição favorável a uma redução imediata dos juros. A postura do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi elogiada.
Como antecipou O GLOBO na sexta-feira, o Planalto havia feito pressão interna pela redução dos juros. Internamente, a avaliação era de que o BC deveria ser ousado neste momento de cenário de recessão mundial. O movimento já era apoiado pelas principais autoridades da área econômica e por economistas com influência no Planalto, mas surpreendeu o mercado.
O aumento do superávit primário em R$10 bilhões era visto por ministros como forma explícita de pressão para a redução imediata dos juros. Na viagem que fez a Pernambuco terça-feira, Dilma confidenciou que o Brasil não poderia repetir o erro de 2008, quando o BC demorou três reuniões para baixar a Selic.
Dilma está convencida de que a inflação vai ceder com o quadro de recessão global e que, por isso, o BC deveria se antecipar. Essa pressão foi fundamental para a mudança de rumo. O consenso no núcleo palaciano é que já teve início um processo de desaceleração da economia brasileira, eliminando parte do risco inflacionário.
Guido Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) encamparam a pressão, com apoio de Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.