Título: UNE faz ato por redução de juros e não fala em combate à corrupção
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 01/09/2011, O País, p. 12

Líder chilena vai a evento em Brasília, apesar das bandeiras diferentes

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BRASÍLIA. Enquanto estudantes no Chile protestam contra o governo, a União Nacional dos Estudantes (UNE) organizou ontem uma manifestação pela redução da taxa de juros e em defesa de mais investimentos em educação. O protesto levou milhares de jovens até a frente do Banco Central, ontem de manhã. Após fazer uma lavagem simbólica da rampa que dá acesso ao prédio, o grupo, que tinha como convidada de honra a universitária e líder estudantil chilena Camila Vallejo, saiu em passeata até o Congresso. Mais tarde, dirigentes da UNE foram recebidos pela presidente Dilma Rousseff.

A pauta de reivindicações entregue a Dilma continha 43 itens. Mas nenhum mencionava o combate à corrupção, nem as denúncias de irregularidades envolvendo atuais e ex-ministros do governo. Controlada pelo PCdoB e alinhada ao Palácio do Planalto desde o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a UNE também nunca levantou a voz contra o mensalão.

- A gente fez faxina no Banco Central por entender que lá residem os interesses estranhos ao país. O Brasil tem a maior taxa real de juros do mundo, um mecanismo perverso para a economia - disse o presidente da UNE, Daniel Iliescu. - Mais importante do que uma CPI, precisamos de uma reforma política democrática e que ataque a corrupção estruturalmente.

A passeata reuniu 12 mil pessoas, segundo a UNE. Os manifestantes reivindicaram a ampliação do investimento com ensino para 10% do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos num ano). Hoje, o Brasil destina cerca de 5% do PIB para o setor. Outro pedido é a destinação de 50% das verbas do fundo social do pré-sal para o ensino. A UNE quer também a cobrança de meia-entrada em todos os jogos da Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016. Na frente do Congresso, os estudantes marcharam sobre o espelho d"água.

Líder e musa da revolta estudantil que há três meses sacode o Chile, Camila viveu um dia de popstar, dando entrevistas e falando na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

- A luta, no âmbito da educação, é a mesma - disse Camila Vallejo.