Título: Agora?
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 01/09/2011, O País, p. 4

Após perder relatoria, Cunha pede que PMDB entregue cargos

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BRASÍLIA. Ele não se conforma. Após perder a relatoria da comissão que analisará as mudanças no Código de Processo Civil, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) costurou um manifesto assinado pela bancada fluminense do PMDB na Câmara com uma série de embaraços para o governo. Os oito deputados anunciam que poderão trabalhar contra a prorrogação da emenda da DRU (Desvinculação de Receitas da União), defendida pela presidente Dilma Rousseff, e ameaçam assinar a CPI da Corrupção. Pedem ainda que o PMDB entregue os cargos no governo, alegando que o partido não está representado adequadamente.

Segundo Cunha, o manifesto não é uma retaliação à sua retirada da relatoria, mas parte do jogo político no qual a bancada mostra o que pensa sobre os temas abordados. "Entendemos também que apoio ao governo não significa deixar de apurar e investigar qualquer denúncia existente, seja por instrumento tradicional, ou seja por CPI, se for do entendimento de cada parlamentar", diz o manifesto.

Cunha afirma que não pretende assinar a CPI da Corrupção, mas o manifesto deixou os deputados livres para assinar. Até agora, da bancada do PMDB do Rio, apenas o deputado Nelson Bournier assinou.

- Não vou assinar, mas, se alguém quiser assinar, que assine. Nós, da bancada, sempre procuramos tomar decisões conjuntas. Decidimos deixar que cada um avalie. O deputado Bournier, que assinou, não precisa retirar - disse Cunha.

O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, que enquadrou Cunha, disse não acreditar que os deputados assinem a CPI:

- Respeito a posição, mas não vejo que eles farão isso. Foi um manifesto importante.

No caso da prorrogação da DRU, Cunha argumentou que a bancada quer discutir o que é melhor para áreas como saúde e educação. O governo corre contra o tempo para prorrogar a DRU até 31 de dezembro de 2015. O mecanismo, que permite que o governo mexa em 20% de suas receitas, tem validade até dezembro deste ano. Para o governo, esse é um mecanismo essencial para o equilíbrio das contas públicas.

Anteontem, Cunha pediu vista do relatório da PEC da DRU, que tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele alegou que atendeu a pedido do presidente da CCJ, João Paulo Cunha (PT-SP), para evitar que a oposição conseguisse adiar, por uma semana, o debate sobre a emenda:

- Não estou obstruindo ainda, mas sou favorável a discutir se vale ou não prorrogar a DRU. Se tiver que votar contra, voto.