Título: Superávit de US$ 2,2 bilhões
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 20/08/2009, Economia, p. 19

De olho nos bons indicadores da economia, investidores estrangeiros ampliam fluxos de recursos para o país. Dólar fecha o dia a R$ 1,845

Os dólares estão entrando no país de forma disseminada¿ Zeina Latif, economista-chefe do Banco ING

Os investidores estrangeiros estão cada vez mais confiantes na retomada da economia brasileira, depois de seis meses de recessão. Tanto que o fluxo cambial registrou saldo positivo de U$$ 2 bilhões nos 14 primeiros dias de agosto, quase o dobro de todo o superávit computado em julho (US$ 1,2 bilhão). De acordo com dados do Banco Central, a maioria desses recursos chegou pelo segmento financeiro, especialmente a bolsa de valores, com saldo de U$$ 1,3 bilhão. A balança comercial também está no azul, após dois meses negativos, com as exportações superando as importações em U$$ 696 milhões.

Segundo a economista-chefe do Banco ING, Zeina Latif, os recursos que entram no país ainda estão divididos entre investimentos diretos, voltados para o aumento da produção e a criação de empregos, e o mercado financeiro (ações e títulos públicos). ¿O BC ainda não abriu os dados de agosto. Mas, aparentemente, os dólares estão entrando no país de forma disseminada¿, analisou.

A balança comercial também colaborou com o bom resultado parcial de agosto. Depois dos números ruins em junho e julho, meses que, somados, chegaram a um déficit de quase U$$ 3 bilhões, o segmento voltou a registrar números positivos. Ainda assim, modestos. ¿A balança comercial só não está mais positiva por causa da valorização muito acentuada do real frente ao dólar. Para o exportador, a desvalorização do dólar não é bom negócio¿, explicou o analista da corretora Liquidez Mário Paiva.

Na avaliação de Zeina, quem vende para o exterior já começa a ficar menos preocupado com a depreciação cambial e, por isso, o saldo positivo de U$$ 696 milhões na balança de agosto. ¿O fluxo comercial melhorou, antes ele vinha negativo¿, afirmou. ¿Quando o dólar está baixo, o exportador espera para fechar negócio¿, resumiu.

Com a sobra de dólares no mercado e disposto a evitar uma queda mais forte do dólar, o BC comprou U$$ 1,3 bilhão na primeira quinzena do mês, quantia que reforçou as reservas internacionais do país, que totalizaram US$ 209,6 bilhões. ¿A intervenção do BC não visa conter a queda do dólar. O discurso dele é de que vale a pena continuar ampliando as reservas¿, explicou Zeina. A valorização do real frente à moeda americana não estaria ligada a fatores domésticos. A divisa do Tio Sam tem perdido valor mundo afora. ¿Se virmos o período desde a crise, o real não é uma moeda de destaque, as principais divisas estão se valorizando perante o dólar¿, disse a economista do ING. Mesmo com as compras do BC, o dólar ainda tem caído. Ontem, foi cotado a R$ 1,845.