Título: Brasil perde posição em ranking de crescimento
Autor: Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 03/09/2011, Economia, p. 32

NEM PIBINHO, NEM PIBÃO: Para analista, a tendência é que a queda brasileira continue nos próximos períodos

Fraca expansão da economia no segundo trimestre fez país recuar para o 22º lugar em lista liderada pela China

SÃO PAULO. A desaceleração da atividade econômica levou o Brasil a cair duas posições no ranking dos países que mais cresceram no segundo trimestre do ano. A expansão de 3,1% em relação ao mesmo período de 2010, colocou o país no 22º lugar, ainda mais distante da China, que ocupa o topo da lista com crescimento de 9,5%. E quase na lanterna dos Brics (grupo das maiores economias emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul): o país só avançou mais que o parceiro africano, que teve expansão de 3% no trimestre.

O Brasil perde posições no ranking de crescimento desde o último trimestre do ano passado, quando figurava no 13º lugar. No primeiro trimestre, o país já tinha caído para a 20ª posição. Segundo Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, nos próximos trimestres a tendência é de o país continuar em queda, já que emergentes do Leste da Europa, que estão à frente do Brasil, mantêm taxas vigorosas de expansão. E também de outros emergentes, como a Tailândia, que cresceu 2,6% no trimestre passado, mas tem potencial para ainda mais.

Para o economista, a desaceleração brasileira no trimestre reflete as políticas de aperto monetário adotadas no fim do ano passado e início deste ano. Além disso, o resultado sofreu influência do aumento das importações, que acabou debilitando a indústria nacional, responsável por um terço do PIB.

Gasto do governo e carga tributária são obstáculos

Com a piora do cenário internacional, e a desaceleração na agricultura, por causa dos preços das commodities, o crescimento deve continuar em desaceleração, avalia o economista.

- Até por efeito estatístico, a tendência é que o crescimento desacelere - afirma Agostini.

Segundo o economista, embora a base de comparação do ano passado seja elevada, o crescimento brasileiro poderia ser melhor, caso o país resolvesse alguns de seus problemas estruturais, como o elevado gasto governamental e a alta carga tributária.

Isso poderia permitir que o país seguisse os passos de outros emergentes da região, como Chile, que cresceu 6,8% no segundo trimestre, e a Índia, que teve expansão de 7,7% na mesma comparação.

A China é um caso à parte. Para o economista, o país asiático precisa de um crescimento acelerado para absorver toda a mão de obra que chega ao mercado de trabalho, boa parte originada do êxodo rural. O país "não pode desacelerar muito abaixo de 9% para corrigir esse problema", diz. Já os países desenvolvidos, que ocupam majoritariamente a o ranking da 23ª até a 47ª posição, não dão indicação de melhoras.