Título: Previsões: PIB de 3,5% no ano
Autor: Durão, Mariana; Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 03/09/2011, Economia, p. 32
Instituições rebaixam suas estimativas para a 2011
A pretensão de ver a economia brasileira crescer mais de 4% neste ano já é uma quimera. A média de projeção de dez instituições ouvidas ontem pelo GLOBO para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano está em 3,5%. E esse número ainda pode cair, uma vez que algumas instituições ainda colocam suas estimativas em estudo. Nem mesmo o recente corte nos juros básicos da economia animou os analistas, que esperam um segundo semestre relativamente fraco no desempenho econômico nacional.
Projetando crescimento de 3,4% para o ano desde abril, a LCA Consultores estuda agora revisar o número para 3%, por esperar um segundo semestre mais fraco. O economista-chefe da consultoria, Bráulio Borges, diz que os indicadores antecedentes como sondagens de confiança, estoques e consumo de energia apontam para um PIB menor no terceiro trimestre.
- Há grandes chances do PIB ficar próximo a zero ou até negativo de julho a setembro, quando a política monetária e de restrição ao crédito terá seu efeito máximo. E o ritmo do consumo das famílias vai desacelerar - prevê Borges.
Pessoas como Edgard dos Santos Rocca, 51 anos, já sentem as restrições ao crédito na pele. O servidor público, pai de dois filhos, desde o início do ano começou a repensar seu orçamento e decidiu economizar.
- Já em janeiro comecei a fazer um planejamento de gastos para tentar reduzir o consumo da família. Senti que precisava segurar um pouco mais o dinheiro - conta Edgard, que prefere cortar supérfluos, como cinema, restaurante, TV por assinatura e até viagens de férias para evitar ficar à mercê dos altos juros.
A Gap Asset Management não alterou sua previsão de 3,6% para a atividade em 2011. Para o economista Alexandre Maia, o PIB do segundo trimestre não surpreendeu. Ele calcula que o crescimento médio anualizado do primeiro semestre foi de 4,1%, mas deve cair a 2,6% na segunda metade do ano.
- O segundo tri ainda respondeu a uma economia global crescendo a taxas mais razoáveis. O segundo semestre sofrerá o impacto da demanda externa mais baixa e altas de juros passadas - diz Maia.
A Rosenberg&Associados reduziu de 4% para 3,7% a expectativa para o PIB fechado, com base no fraco desempenho da indústria nacional - em especial a de transformação - prejudicada pelo câmbio e a concorrência com os importados. Assim como ela, a Austin Rating, outra instituição que ainda previa alta de 4% para o ano, reduziu as estimativas para 3,8%.
Mas, para 2012, há uma expectativa de forte crescimento. Muitas instituições estimam que o forte aumento do valor do salário mínimo - que deve subir 13,6% - e dos gastos públicos em ano eleitoral vão aquecer a economia, já estimulada pelo recente corte nos juros. Assim, estima-se que pessoas como Edgard voltem a gastar mais.