Título: Ações mudam conforme o momento da crise
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 04/09/2011, Economia, p. 33

Esforços atuais são feitos com foco de mais longo prazo

BRASÍLIA. O governo continua não poupando esforços para turbinar a economia brasileira. Este ano, o BNDES recebeu mais uma injeção de recursos, de R$30 bilhões - após já ter recebido duas parcelas de R$100 bilhões cada em 2009 e 2010. O governo também lançou o programa Brasil Maior, que desonerou a folha de pagamento das empresas dos setores têxtil, de calçados, móveis e software. Além disso, foram corrigidos os limites do Simples e anunciado o novo programa de microcrédito produtivo orientado. Ao todo, em 2011, já foram usados R$92,3 bilhões para incentivos.

Segundo técnicos do governo, o que diferencia o que foi feito entre 2008 e 2010 e o que está sendo feito agora pela equipe econômica é o momento da crise. Quando ela começou, com a quebra do Lehman Brothers três anos atrás, houve uma forte turbulência nos mercados com retração do crédito. Por isso, era preciso agir com medidas mais imediatas como desonerações e liberação de compulsório. Os bancos públicos também tiveram que entrar em ação para dar crédito à população.

Agora, na gestão de Dilma Rousseff, o quadro internacional é outro e se trata de um desaquecimento das economias mais ricas. Isso demanda ações de prazos mais longos e medidas que deem ao setor produtivo mais competitividade no exterior.

Total gasto gerou crescimento maior do PIB

Para o economista-chefe de Austin Rating, Alex Agostini, as ações adotadas pelo governo foram eficientes para segurar a atividade no país. Ele destaca que, em 2009, por exemplo, o PIB teve um crescimento nominal de R$153,3 bilhões. Já em 2010, a alta foi de R$489,8 bilhões. Ou seja, em dois anos, o total de riquezas gerado pelo país cresceu R$643,1 bilhões.

- Valeu a pena se considerarmos que o total gasto pelo governo gerou um crescimento maior do PIB. Ele recuperou o que gastou e ainda teve uma sobra em termos de PIB - afirmou Agostini, acrescentando: - Também houve redução do desemprego e elevação do mercado de crédito.

O economista destaca, no entanto, que a despesa teve lum ônus, que foi o aumento da inflação. Em 2009, por exemplo, quando o PIB cresceu em termos nominais, mas recuou 0,6% em termos reais, a inflação ficou em 4,3%. Já em 2010, a economia apresentou crescimento de 7,5%, enquanto os preços subiram ainda mais e fecharam o ano em 5,9%.

- Esse é um problema que o governo ainda não conseguiu solucionar - disse Agostini. (Martha Beck)