Título: Brasil sobe 5 posições e fica em 53º em ranking global de competitividade
Autor: Spitz, Clarice
Fonte: O Globo, 08/09/2011, Economia, p. 25
Mas educação e infraestrutura são entraves a avanço maior na lista do Fórum
Embalado pelo forte crescimento econômico do último ano, o Brasil subiu cinco posições na escala de competitividade global e passou a ocupar o 53º posto no ranking de 142 países avaliados pelo Fórum Econômico Mundial. Desde 2006, quando a capacidade de competir passou a ser medida pelo organismo, o país já teve um progresso de 17 posições, se forem considerados apenas os 122 países originalmente pesquisados. A lista dos mais competitivos continua sendo liderada majoritariamente por europeus, com a Suíça encabeçando a lista pelo segundo ano consecutivo, seguida por Cingapura. A reboque da lenta recuperação internacional, os Estados Unidos perdem posição pelo terceiro ano consecutivo, mas ainda permanecem em quinto globalmente.
- O crescimento consistente da economia brasileira no momento em que os países desenvolvidos estavam com um nível muito baixo de expansão gerou aumento da economia doméstica, da renda das famílias, e isso foi determinante para influenciar a perspectiva de crescimento futuro - afirmou Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral, que é parceira do Fórum Econômico Mundial.
Ele lembra que um terço da pontuação de competitividade do país vem da opinião de empresários e o otimismo pode ter influenciado a avaliação sobre instituições, grande destaque para o país.
O ranking avalia 12 pilares de competitividade que abrangem itens básicos, como infraestrutura, estabilidade macroeconômica, educação, eficiência dos mercados de bens e de trabalho e inovação e eficiência do mercado de trabalho.
Entre países com o mesmo nível de desenvolvimento, o Brasil ficou bem acima da Argentina (em 85º), mas ainda está bem distante do Chile (31º), mais atrativo entre os países da América Latina. Entre os pontos considerados fortes da economia brasileira estiveram o ambiente de sofisticação empresarial com a qualidade da gestão e nível institucional.
Apesar do avanço, a competitividade brasileira foi travada por quesitos considerados básicos, como infraestrutura, estabilidade macroeconômica e educação. O Brasil ainda está entre os últimos no spread bancário (diferença entre os juros que as instituições financeiras pagam para captar e cobram para emprestar recursos), na 136ª posição. A burocracia para abertura de um novo negócio e os tributos ainda deixam o país na lanterna em relação a outros países do mundo.
O Brasil permanece muito defasado no quesito qualidade da educação básica, com baixa taxa de matrícula.
País tem maior avanço entre os Brics
Outro pilar considerado problemático para o país é o de infraestrutura, historicamente entre os piores do mundo, especialmente em aeroportos, rodovias e ferrovias.
Mesmo registrando o maior avanço entre os emergentes que atendem pela sigla Brics, o Brasil ainda está bem atrás da China, líder dos emergentes em termos de inovação. O país fica em 44º neste ranking, enquanto a China tem a 29ª posição. O Brasil passou a Índia este ano no ranking geral e está em terceiro entre os Brics.
Para o economista e diretor associado do Centro de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial, Beñat Bilbao-Osorio, os maiores gargalos para a competitividade brasileira estão relacionados à qualidade de educação, mão de obra e inovação.
- São variáveis que estão relacionadas e que passam a ter mais peso se o Brasil quiser fazer parte do bloco mais desenvolvido de competitividade - afirmou.