Título: Grito dos Excluídos faz atos em 25 cidades
Autor: Braga, Isabel; Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 08/09/2011, O País, p. 3

Punição ética e reforma política foram algumas das bandeiras dos manifestantes

APARECIDA (SP) e RECIFE. Com manifestações em 25 estados e Distrito Federal - só o Acre não registrou protestos -, o Grito dos Excluídos ampliou as críticas à corrupção. O movimento, organizado por movimentos sociais e braços da Igreja Católica, chegou à 17ª edição apelando para a necessidade de reforma política para acabar com a corrupção, além de fortalecer as demandas dos pobres.

Em Aparecida, interior de São Paulo, cerca de duas mil pessoas participaram do ato, em frente à basílica da cidade. Antes, elas fizeram passeata pela BR- 488 carregando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Faixas e cartazes traziam dizeres como "justiça", "trabalho digno", "o agrotóxico mata", "Belo Monte: para quê e para quem", "Mulheres negras: preconceito em dobro" e "punição ética", o que reforçava o movimento anti-corrupção no país. Durante uma missa, o arcebispo de Aparecida, cardeal dom Raymundo Damasceno, pediu:

- Vamos pedir que nossos governantes tomem suas decisões pensando na justiça, no desenvolvimento do país, no bem de todo o povo e tenham sensibilidade para com os mais excluídos para que o Brasil tenha melhores condições de vida.

Em Recife, estudantes e artistas usaram fantasias no protesto. O vendedor autônomo José Bezerra, fantasiado de ex-presidente Lula, carregava mala preta. O ator Marco Antônio Lima dos Santos, de roupa vermelha, encarnava a presidente Dilma. Na cidade, o Grito dos Excluídos reuniu cerca de duas mil pessoas, e suas fileiras foram engrossadas principalmente por lavradores ligados ao MST e à Comissão Pastoral da Terra. Mas contou com adesão de sindicatos, servidores públicos, representantes da comunidade gay e da Igreja Católica, entre outros.