Título: A moratória da Grécia é iminente
Autor: Valente, Gabriela; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 14/09/2011, Economia, p. 19

O que acha da proposta de os Brics ajudarem a Europa?

MONICA DE BOLLE: Não somos a China, que tem pouco mais de US$3 trilhões em reservas. Além disso, os chineses têm tradição de alimentar a poupança interna.

Existe solução para a crise do euro?

MONICA: A situação da Europa é delicada e a China está criando uma rede de segurança para evitar um colapso. São interesses geopolíticos que estão levando a China a socorrer a Europa. O país asiático tem interesse nas matérias-primas da África e precisa ter boa relação com os países europeus, que ainda têm histórico de relacionamento com o continente africano.

Com o problema chegando à Itália, o que isso muda no perfil da crise?

MONICA:Ao atingir o núcleo da zona do euro, a crise muda de magnitude. Uma eventual saída da Grécia, por exemplo, pode até desorganizar a região, mas não acaba com o Euro. Já a Itália...

A senhora acha que o Banco Central Europeu (BCE) tem condições de salvar a Itália?

MONICA: O BCE tem poder de fogo ilimitado de emitir moeda, mas o problema é político. De maio do ano passado até agora, o banco já comprou 140 bilhões em títulos. Metade deste volume foi adquirido recentemente para salvar países como a Espanha e Itália.

Existe um risco de contaminação?

MONICA: O risco sempre existe e é enorme. A região agora está toda contaminada.

E a Grécia?

MONICA: É uma questão de semanas para a Grécia declarar moratória. Não é à toa que o secretário do Tesouro americano vai participar da reunião dos ministros das Finanças da zona do Euro. A Grécia hoje é a Argentina de 2001/2002, quando decretou moratória.