Título: Pré-Sal faz Dilma emergir
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Fonte: Correio Braziliense, 21/08/2009, Economia, p. 15

Reclusa por causa das denúncias da ex-secretária da Receita Lina Maria Vieira, ministra reaparece em encontro com sindicalistas e garante que Petrobras não será esvaziada com a criação da Petrosal

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, retomou ontem sua agenda pública, depois de dias de reclusão. Ela vem enfrentando um grande bombardeio por causa das declarações da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira, de que teria pedido para ¿agilizar¿ as investigações do Fisco sobre os negócios da família Sarney. Em encontro com representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), procurou demonstrar tranquilidade, como forma de reforçar a negativa do pedido. Mas auxiliares próximos garantem que ela está abalada, sobretudo porque está se disseminando a sensação de que é Lina quem está falando a verdade.

Na conversa com sindicalistas, Dilma assegurou que a Petrobras não será esvaziada com a criação da estatal do petróleo, a Petrosal, para representar a União na administração das reservas do pré-sal e de áreas estratégicas, em terra e mar. E, apesar dos insistentes pedidos dos sindicalistas, descartou o pedido de retorno do monopólio estatal do petróleo. O encontro durou cerca de três horas. A ministra apresentou as principais diretrizes do modelo do pré-sal, entre elas, o regime de partilha de produção, em substituição ao atual sistema de concessões, e a Petrobras como operadora única dos blocos.

Ao comentar a conversa com Dilma, o presidente da CUT, Artur Henrique, foi enfático: ¿A ministra disse que é difícil a volta do monopólio da Petrobras e ressaltou que esse tema não está em questão. Mas vamos continuar lutando para aprovar essa proposta no Congresso¿. Segundo ele, os trabalhadores não querem que a Petrobras perca importância para a Petrosal. ¿A ministra nos garantiu que a Petrobras não será esvaziada¿, disse.

Busca por apoio A reunião com os sindicalistas faz parte da estratégia do governo de angariar apoio para os três anteprojetos que deverão ser enviados ao Congresso no próximo dia 31, definindo o marco regulatório do pré-sal. A mesma conversa já havia sido feita com os líderes do governo na Casa. A previsão é de que, na semana que vem, ocorram novos encontros com outras centrais sindicais e empresários.

Enquanto busca o consenso, o governo ainda discute internamente como será a política de distribuição de recursos de royalties no petróleo extraído do pré-sal. Mas Dilma conseguiu aliados à sua proposta de não privilegiar apenas os estados e municípios produtores. ¿Deixamos claro à ministra a nossa preocupação com o fato de um município ganhar muito com o petróleo enquanto seu vizinho está em situação calamitosa¿, afirmou o presidente da CUT.