Título: Dólar interrompe série de altas em dia de otimismo
Autor: Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 16/09/2011, Economia, p. 25

Moeda cai a R$1,709. Bolsas americanas e europeias sobem. Bovespa avança 0,17%

Após subir dez vezes seguidas - na maior sequência de valorizações desde janeiro de 1999 -, o dólar comercial finalmente caiu ontem: a moeda fechou em baixa de 0,87%, a R$1,709. O dia foi de alívio nos mercados globais, por causa do anúncio da ação coordenada entre bancos centrais para a zona do euro e da expectativa de novas alternativas para a crise da Grécia. Ainda assim, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), avançou em ritmo mais lento, com alta de 0,17%, a 56.381 pontos.

A moeda americana caiu em relação à maioria das moedas do mundo, reagindo à decisão do Banco Central Europeu (BCE) de emprestar dólares a bancos da zona do euro, em ação conjunta com os bancos centrais dos EUA, da Inglaterra, do Japão e da Suíça.

- Quando a notícia sobre a ação coordenada foi divulgada, o dólar caiu mais forte. O problema é que não há detalhes - avalia o diretor de Tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer.

Pelo segundo dia seguido, o Banco Central (BC) brasileiro não comprou dólares. Para Knauer, isso pode indicar que a autoridade monetária está satisfeita com o nível da cotação.

Com o otimismo, os principais índices de ações fecharam em alta. Londres avançou 2,11%; Paris, 3,27%; e Frankfurt, 3,15%. Em Nova York, o Dow Jones teve alta de 1,66%, o S&P 500 ganhou 1,72% e Nasdaq valorizou-se 1,34%.

O ritmo reduzido da Bovespa em relação às demais bolsas pode ser explicado, segundo especialistas, por trocas nas carteiras de ações. Além disso, afirmam analistas, o nível de 58 mil pontos do Ibovespa seria um ponto de resistência para novos avanços.

Analisando gráficos, especialistas definem pontuações difíceis de serem ultrapassadas - porque assim foi no passado. Quando o índice está perto de determinado patamar, investidores vendem ações para embolsar lucros recentes, o que derruba as cotações. A máxima de ontem foi de 57.161 pontos, alta de 1,55%.

- Esse componente técnico pode explicar a diferença. Além disso, os investidores ainda estão inseguros - diz João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos.

Ações de empresas exportadoras sobem

Nas mudanças nas carteiras, o economista-chefe da Legan Asset Management, Fausto Gouveia, chama a atenção para a alta das empresas ligadas à exportação e para a baixa dos setores ligados ao consumo interno.

A maior alta do Ibovespa foi a MMX ON (ordinária, com direito a voto), com valorização de 2,70%, a R$8,36. Petrobras PN (preferencial, sem direito a voto) teve alta de 0,15%, a R$20,55, e a Vale PNA ganhou 1,35%, a R$42,72. A maior baixa do Ibovespa foi Marfrig ON, caindo 5,38%, a R$7,92.