Título: Geração de empregos com carteira cai 36% no país e ministro revê meta
Autor: Doca, Geralda; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 15/09/2011, Economia, p. 26

Em SP, indústria fecha 13 mil vagas, no pior resultado de agosto desde 2006

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Ante a desaceleração do mercado formal de trabalho, que registrou em agosto saldo (diferença entre admissões e demissões) de 190.446 vagas - queda de 36,4% em relação ao mesmo período do ano passado - o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já admite que a criação de empregos poderá ficar em 2,7 milhões neste ano. A meta inicial era criar três milhões. Entre janeiro e agosto, foram 1,596 milhão de contratações com carteira assinada.

Ao divulgar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Lupi chamou a atenção para a indústria de transformação, sobretudo o setor automotivo, onde o ritmo de contratações caiu de 5.606 em agosto de 2010 para 3.366 no mês passado. Ele defendeu que o governo reduza o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, conforme fez na crise financeira de 2008 e sobretaxe a importação do produto.

- O governo tem que ter uma atenção muito especial com a indústria de transformação - afirmou o ministro, destacando o setor automotivo.

Ele disse que as concessionárias estão com estoques elevados, dando férias coletivas e reduzindo carga horária (com horas extras). A indústria automotiva enfrenta forte concorrência de produtos importados da Argentina, Coréia e China.

Agricultura eliminou 19.498 empregos em agosto

Segundo fontes, a equipe econômica estuda reduzir o IPI para o setor, mas pretende conceder o incentivo dentro de um novo regime automotivo e não de forma isolada. O objetivo é exigir contrapartidas, como aumento do investimento no país e garantia de empregos.

A geração de empregos em agosto foi puxada por serviços, que responderam por 94.398 postos, com destaque para comércio e administração de imóveis, hotelaria e restaurantes. O bom desempenho do setor garantiu à região metropolitana do Rio o seu segundo melhor saldo para o mês, com 13.352.

Vêm em seguida, o comércio, com 44.336 vagas e a indústria de transformação, com 35.914. Na construção civil, foram gerados 31.613 postos. Devido a fatores sazonais (entressafra nas regiões Sul e Sudeste), a agricultura eliminou 19.498 empregos e inverteu as oportunidades de emprego das regiões do interior para às áreas metropolitanas.

Em números absolutos, o Sudeste gerou 74.895 postos em agosto, mas Minas Gerais registrou saldo negativo de 801 empregos, sobretudo na agricultura. No Nordeste, foram criados 59.513 empregos; no Sul, 27.457; no Centro-Oeste, 15.096 e Norte, 13.485 postos.

Já o nível de emprego na indústria paulista caiu 0,49% em agosto ante julho, com ajuste sazonal, segundo dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). No total, foram fechadas 13 mil vagas, o pior resultado para meses de agosto desde 2006, quando teve início a pesquisa. Em agosto de 2006, o nível de emprego na indústria paulista apresentara recuo de 0,15%.

- Não se vê na série um agosto com um resultado tão ruim quanto o deste ano. E este é apenas o primeiro mês que mostra uma variação negativa de tal porte - disse Paulo Francini, diretor da Fiesp.