Título: Dilma volta a falar em um imposto
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 15/09/2011, O País, p. 12

Apesar de ter decidido que o governo não defenderia novo tributo, presidente não descartou a criação de nova CPMF

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff voltou a demonstrar que, embora defenda mais recursos para a Saúde, ainda não tem uma posição definitiva sobre a recriação ou não de um imposto para financiar os gastos com o setor. Ontem, Dilma afirmou, durante entrevista coletiva, que o problema na saúde não se resolve apenas com gestão, mas que são necessários mais recursos. A presidente declarou que ainda não sabe de quanto precisaria a mais para financiar o setor, mas disse acreditar que seriam menos de R$40 bilhões, montante arrecadado pela CPMF em seu último ano de vigência, em 2007.

Na reunião de coordenação na segunda-feira, segundo o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), ficou decidido que o governo não vai defender um novo imposto, ao menos neste ano. Mas ontem, ao sugerir novamente mais recursos para a Saúde, Dilma não descartou de forma clara e definitiva a recriação da CPMF.

Para a presidente, é necessário fazer uma discussão com a sociedade para demonstrar que a área da Saúde só irá melhorar se houver uma gestão mais eficiente e também mais dinheiro. Dilma não quis adiantar se, caso o Congresso aprovasse, ela vetaria um novo imposto. Ela afirmou que é necessário, primeiro, ver que tipo de imposto seria e qual o impacto:

- Eu não vou discutir em tese. Quero ver que imposto, que dinheiro, qual a fonte de recurso, qual o impacto disso.

A presidente foi enfática ao declarar que é necessário mais dinheiro e que é preciso que haja uma ampla discussão com a sociedade:

- Acho que a opinião pública tem de entender primeiro, e acho que o Congresso tem de fazê-la entender. Tem de contribuir para isso. Temos de abrir a discussão, tem de falar. O que não é possível é a tese no Brasil de que é possível ter saúde de qualidade sem mais dinheiro "per capita". Não é. Isso é uma obrigação minha explicar. Porque eu não posso fazer uma demagogia com a população - disse Dilma. - Por isso que a discussão tem que ser aberta e tem que ter esse compromisso legal: não pode desviar dinheiro da Saúde. Os problemas na Saúde não se resolvem apenas com aprimoramento da gestão, embora seja necessário.

Dilma também disse que talvez sejam necessários menos que R$40 bilhões para o financiamento do setor.

- Não sei se são os R$40 bilhões da CPMF. Talvez não precise disso de uma forma imediata. Mas eu acho que é necessário recurso para a saúde. Até chegar, vou brigar de manhã, de tarde e de noite, todos os dias da semana para melhorar a gestão da saúde. Acho que é uma função da gente esclarecer a população e não ter uma atitude em relação à Saúde que é a seguinte: resolve-se tudo com gestão. Resolve não. Resolve não. Conta-se nos dedos da mão o país desenvolvido que conseguiu fazer saúde universal com qualidade.